VI Cimeira do Turismo Português: Discurso do Presidente da CTP, Francisco Calheiros

VI Cimeira do Turismo Português: Discurso do Presidente da CTP, Francisco Calheiros

Sejam muito bem-vindos à VI Cimeira do Turismo Português, que assinala mais um Dia Mundial do Turismo.

É sempre um enorme prazer, receber-vos neste evento organizado pela CTP que, felizmente este ano, já decorre sem restrições, depois dos últimos anos de pandemia.

Nesta VI Cimeira do Turismo, decidimos centrar o debate no tema “O Turismo e o novo Mundo”.

Vivemos sem dúvida tempos desafiantes, dias de mudança, assistimos como que a um virar de página, tais são as alterações geoestratégicas e os desafios que enfrentamos, que têm implicações nas vidas de todos nós.

O Turismo foi obviamente também afectado por estas mudanças, sobretudo nos dois anos de pandemia. Mas a tenacidade dos empresários, a qualidade e determinação de todos os que trabalham na actividade turística, fizeram com que o Turismo resistisse, e continue a ser um importante factor da competitividade do nosso País, e um grande responsável pela recuperação da economia portuguesa.

Basta olhar para os números de turistas, de dormidas e de receitas do Turismo este ano, para verificar como esta actividade recuperou bem mais cedo que o previsto, ultrapassando até em muitos indicadores o ano de 2019, sem dúvida o melhor ano turístico de sempre em Portugal.

Com este desempenho, pode dizer-se que o Turismo já recuperou, mas não podemos esquecer que 2020 e 2021 foram anos muito difíceis, pelo que não serão suficientes os resultados deste ano para recuperar completamente as empresas.

Mas estamos no bom caminho e queremos ser um forte contribuinte líquido para a riqueza do País.

Gostaria até hoje de ir mais longe e dizer: o Turismo quer dar ainda mais a Portugal e a toda a sociedade.

O Turismo quer:

- Ajudar a Economia

- Ajudar a governação

- Ajudar as famílias

- Ajudar as empresas

O Turismo quer, além da nossa cadeia de valor, proporcionar mais receitas ao País, através do que devolve em impostos e contribuir para o crescimento de outras actividades económicas.

Se preservarmos, desenvolvermos e promovermos cada vez mais e melhor a diversidade turística do nosso País, estamos também a contribuir para o desenvolvimento de todo o território, para a descentralização e para o equilíbrio regional, ajudando assim ao crescimento económico das nossas regiões e à criação de emprego.

Bem sabemos que a entrada de mais turistas em Portugal significa mais receitas para o País, por isso, a CTP continua a bater-se para que haja uma decisão final sobre o novo aeroporto.

Só com uma nova infraestrutura aeroportuária poderemos dar ainda mais a Portugal. Desde logo, na sua fase de construção, já que se fomentará a actividade de vários sectores económicos e se criará mais emprego. E isto significa mais receitas para o Estado, logo, um maior contributo para todo o País.

Por isso é urgente decidir já! Não podemos perder mais tempo. O País não pode perder mais dinheiro com todas estas incertezas e não decisões. Segundo um estudo recentemente apresentado pela CTP a não decisão sobre o novo aeroporto, terá no mínimo um custo de quase 7 mil milhões de euros; menos 28 mil empregos e uma perda de receita fiscal de 2 mil milhões de euros.

Números estes impressionantes e que refletem apenas a melhor das hipóteses ou a menos má.

E não é isto o que o Turismo quer. O que queremos é gerar mais emprego. O que queremos é que entrem mais receitas no País.

Nós, os empresários do Turismo, continuamos com o empenho de sempre para voltar a robustecer a actividade económica que mais gerou riqueza e postos de trabalho nos últimos anos.

Nós cá estamos para defender um turismo com valor cada vez mais acrescentado e assente na sustentabilidade, nos benefícios para a sociedade, na economia digital, na qualificação dos territórios, na mobilidade e na qualificação e formação profissional.

Mas claro está, que sem um apoio muito claro do Governo para enfrentar a tempestade perfeita por que passámos, e que ainda mantem as suas marcas será tudo muito mais difícil, para prejuízo de Portugal e dos Portugueses.

E se o Governo esteve bem no início da pandemia, com medidas rápidas, eficazes e fundamentais para assegurar a sobrevivência das empresas, actualmente poderia e deveria ir muito mais longe.

Infelizmente, uma boa parte das medidas anunciadas pelo Governo para apoiar as empresas portuguesas ou ainda não se concretizaram e não chegaram efectivamente à economia ou são insuficientes, como os apoios extraordinários anunciados este mês para combater a inflação.

As empresas esperam apoios estruturais; medidas que prevaleçam no tempo e não apenas paliativos pontuais. São necessárias medidas de âmbito fiscal, por exemplo, e não apenas apoios, que no geral, passam pela concessão de crédito que ainda endividam mais as empresas.

Para a CTP, também o espaço da Concertação Social é muito importante, e cada vez mais se assume como um forte fator de estabilidade jurídica, laboral e social no nosso país.

Quando há uma concertação social forte, quem ganha é o país, são as empresas e os seus trabalhadores.

A CTP tem estado sempre na linha da frente da defesa do diálogo social e assim continuará. Mas desenganem-se os mais desatentos que estaremos disponíveis para validar acordos ou entendimentos que não sejam devidamente discutidos em clima de diálogo social em sede de Concertação Social.

Foi assim há bem pouco tempo com a Agenda do Trabalho Digno, onde a CTP sempre se mostrou contra um processo iniciado fora do espectro da Concertação Social, baseado em acordos políticos, com matérias lesivas para a eficiência laboral das empresas do Turismo.

Estamos cientes dos desafios, como por exemplo a falta de mão de obra, que não se resolve por decreto, mas que exige medidas imediatas e diplomacia económica e política com vista a serem estabelecidas pontes sólidas, em especial, com os países da CPLP.

Existe, também, por parte do Governo a intenção de celebrar um Acordo de rendimentos e competitividade, de 2022 a 2026, mas alerto desde já que sem compromissos objetivos, sobretudo de ordem fiscal e da redução dos custos de contexto, não será fácil de ser atingido esse desígnio, no qual, a CTP, à data de hoje, está esperançada em que seja possível alcançar.

Nós, como sempre, cá estamos para construir pontes com os nossos Parceiros.

Minhas Senhoras e meus senhores,

Sei bem, que os tempos que vivemos ainda são incertos e desafiantes. Vivemos em plena guerra na Europa; a inflação está em constante crescimento; as taxas de juro estão também mais altas - sendo um forte peso para o endividamento das empresas -, e os custos de contexto que as empresas enfrentam são cada vez maiores, a começar pela energia e pelas matérias-primas. Por tudo isto, a palavra que mais se ouve atualmente é “INCERTEZA”.

Mas não podemos nem vamos desistir. Os empresários do Turismo já demonstraram nestes últimos três anos daquilo que são capazes.

Mais do que apoios, o que o Turismo quer é que sejam criadas as condições necessárias para que esta actividade seja cada vez mais forte, continue a ser motor da economia geradora de riqueza para o país e criadora de emprego.

Temos vários desafios à nossa frente neste Novo Mundo em que vivemos. Por isso, neste dia de hoje, nesta VI Cimeira do Turismo Português, queremos discutir temas estratégicos como a Nova Geostratégia Mundial e a forma como o Turismo se deve adaptar; os novos desafios da promoção turística; a atracção de profissionais; o novo paradigma da mobilidade; a sustentabilidade, assim como as questões do financiamento e dos custos de contexto.

Espero que este seja por isso um dia produtivo e que todos possamos sair hoje da Fundação Champalimaud com a certeza de que estamos mais fortes, resilientes e a olhar para o futuro.

Como afirmava Winston Churchill: «Não adianta dizer: que estamos a fazer o melhor que podemos. Temos é que conseguir o que for necessário». 

Muito obrigado pela vossa presença e uma excelente Cimeira para todas e todos.

28 Setembro 2022