Reino Unido: dá "liberdade" total ao combate à pandemia

Reino Unido: dá "liberdade" total ao combate à pandemia

Com uma Incidência Cumulativa (IA) de 873,77 novos casos por 100.000 habitantes em 14 dias, o Governo do Reino Unido despertou de novo o que se está a passar em relação à COVID-19, assumindo, como disse o ministro da Saúde na quarta-feira, que os novos casos “poderiam chegar aos 100.000 casos diários" .

Para se ter uma ideia comparativa da situação: na Espanha o IA é de 43,25 casos novos, na França é de 97,37 e nos Estados Unidos é de 351,78 casos novos. A Inglaterra decretou "dia da liberdade" em 19 de Julho, eliminando todas as restrições, incluindo a máscara obrigatória, com uma incidência cumulativa de 798,36 casos novos por 100.000 habitantes em 14 dias. Os números não melhoraram durante o Verão, muito pelo contrário.

Nesta quinta-feira, foram declarados mais de 50 mil novos casos e um aumento de 18% em relação à média da semana anterior. Os internamentos hospitalares aumentaram 15%, chegando a mil pessoas, e registaram-se 115 óbitos, 11% a mais que no dia anterior. Embora em Setembro alguns especialistas já avisassem que no Outono seria necessário reintroduzir restrições para deter a sexta onda, por enquanto o Gabinete de Boris Johnson prefere manter a situação sem repensar as medidas, pelo menos as mais básicas.

Nesta sexta-feira, o New York Times refere em título a "experiência epidemiológica" que a Inglaterra está a realizar nos últimos meses, desde 19 de Julho. A justificação para um "dia da liberdade" num momento em que os números não eram bons era baseado simplesmente no programa de vacinação implementado, uma vez que as infecções graves tinham enfraquecido. Como os resultados estavam aquém do esperado já em Setembro, os assessores do governo Boris Johnson recomendaram que no meio do semestre lectivo poderia ser necessário reintroduzir restrições na Inglaterra, embora o confinamento total seria considerado em último caso, se tal fosse totalmente necessário.

Os conselheiros do governo recomendaram no entanto um planeamento atempado da situação pandémica para minimizar o seu impacto social e económico, uma opção que parecia melhor do que ter que improvisar rapidamente quando o aumento de novas infecções já fosse considerado alarmante. Não foi revelado em que momento os números poderão ser considerados preocupantes para os membros do govervo britânico, embora em Setembro o primeiro-ministro tenha dito que estava disposto a reintroduzir a máscara obrigatória e a distância social nos espaços públicos e nos transportes, se tal fosse necessário. Mas até agora não houve qualquer decisão, tal como não existe obrigação das crianças, que se tornaram no principal vector de transmissão, de usarem máscara nas salas de aula.

25 Outubro 2021