Procura crescente do Turismo e a necessidade de precaução: exemplo das Ilhas Seychelles e do Chile
Nesta última semana, os meios de comunicação social do sector do turismo na Europa mostram alguma euforia desde que se conheceu a lista de destinos (semáforo) dos grandes mercados emissores, que são o Reino Unido e a Alemanha (previsões da TUI). Temos de ter alguma precaução e observar com grande atenção os resultados e as mudanças repentinas em diversos destinos turísticos que se vão registando no turismo a nível mundial em tempos de pandemia. Por vezes, a situação mostra-se tanto paradoxal como preocupante. O arquipélago das Seychelles, localizado na África Oriental, é o "campeão" da vacinação contra a Covid-19, uma vez que, até à data, mais de 60% da população já recebeu as duas doses previstas da vacina. Este registo para este país, cujo rendimento está intimamente ligado à indústria do turismo, fez um grande esforço de vacinação porque queria urgentemente regressar à "antiga actividade turística".
No entanto, os efeitos desta rápida vacinação estão longe dos esperados, e o governo local foi forçado nos últimos dias a pôr em prática várias e fortes medidas restritivas a fim de conter a actual explosão da Covid-19 no país. De acordo com os últimos relatórios, foram comunicados 500 novos casos na semana passada, elevando o total para mil casos activos num país de apenas 100.000 pessoas.
"Apesar de todos os nossos esforços excepcionais, a situação da Covid-19 no nosso país encontra-se num situação crítica neste momento, com muitos casos relatados na semana passada", explicou a Ministra da Saúde local, Peggy Vidot. Desde então, as escolas foram novamente encerradas, as reuniões entre membros de diferentes famílias foram proibidas e o encerramento de várias empresas, incluindo bares e restaurantes, foi antecipado.
Vacinas Menos Eficazes
Para compreender a súbita deterioração da situação sanitária nas Seychelles, é preciso olhar para as condições da vacinação. De acordo com os números locais comunicados pela BBC, um terço dos novos infectados tinham sido totalmente vacinados, com duas doses, e os restantes doentes tinham recebido a primeira dose ou não tinham sido imunizados. Ao contrário de muitos países que optaram por utilizar vacinas cuja eficácia foi cientificamente comprovada, as Seychelles recorreram a produtos fornecidos pela empresa chinesa Sinopharm e a uma versão indiana da vacina da AstraZeneca.
No entanto, segundo vários estudos, a eficácia da vacina chinesa é de apenas 79% a 86%. No início deste ano, um funcionário chinês tinha ele próprio reconhecido as limitações da vacina. Quanto à vacina AstraZeneca, vários estudos mostram a sua ineficácia contra a variante sul-africana, presente no arquipélago. A situação faz lembrar o que foi vivido pelo Chile há algumas semanas atrás, quando o país sul-americano tinha escolhido a mesma vacina chinesa para proteger rapidamente a sua população. Contudo, o país foi obrigado a reconfigurar-se após um estudo local ter mostrado que a vacina chinesa era 67% eficaz na prevenção de casos sintomáticos de Covid-19 e 80% eficaz na prevenção de casos fatais.
13 Mai 2021