Necessidade de padrões de sustentabilidade no transporte aéreo
A aviação comercial é responsável por 2.5% das emissões globais de gases com efeito de estufa, um valor que "poderia aumentar para 20% até 2050, se não houver qualquer intervenção", de acordo com Sophie Carkeek, estratega sénior da ATPCO (*). "Com as ameaças das alterações climáticas a aumentar, a indústria das viagens e turismo tem actualmente mais desafios do que soluções". acrescentou Carkeek.
Carkeek e outros peritos da indústria apelaram a uma unificação em torno de medidas globais comuns, durante uma sessão no evento ATPCO Elevate 2022, "Para promover compras de voos verdes, é necessária uma padronização de um conjunto e como devem ser comunicados aos clientes". Os especialistas foram unânimes em afirmar que as iniciativas para uma aviação comercial sustentável só funcionarão com transparência e padronização.
A SAP Concur (**) que citou no evento um inquérito a 4.000 viajantes de negócios. 94% disseram que "estavam interessados em fazer viagens mais sustentáveis", combinando duas viagens numa só, apanhando um comboio em vez de voar ou apanhando transporte público em vez de um carro. A indústria precisa de "alavancar" este desejo e "comunicar às pessoas esta tipologia de programas e iniciativas", concluíram.
Para a chefe de sustentabilidade para a América do Norte da Air France-KLM, "a pandemia colocou um grande foco de atenção na nossa indústria, e as pessoas perguntam: "Quais são as soluções? Qual é a inovação que o sector apresenta?". Acrescentou ainda que a Europa é líder em viagens aéreas sustentáveis e que o panorama regulamentar existente está a ajudar a moldar a transição a nível global.
Com as companhias aéreas a estimarem ter 10 mil milhões de passageiros até 2050, a indústria precisa de medidas sólidas, " e é necessário comunicar essas medidas", diz Michael Schneider, director assistente para o ambiente e sustentabilidade na IATA. "O combustível sustentável para a aviação (SAF) (**) é uma parte importante desta solução". As companhias aéreas investiram milhares de milhões nas últimas aeronaves - cada uma delas 15-20% mais eficientes em termos de combustível - mas ainda falta transparência no que respeita ao CO2, afirmou o director da IATA. "Quando um passageiro, procura as emissões de CO2, encontra talvez 10 calculadoras diferentes, e metodologias diferentes. Ter 10 resultados diferentes", afirmou " leva à confusão e desconfiança dos passageiros".
De acordo com Carkeek da ATPCO, no início deste ano, 53 aeroportos estavam a dar às transportadoras acesso ao SAF - três vezes mais do que em 2020. Mas a maioria dos passageiros das companhias aéreas não tem conhecimento da existência do SAF, acrescentou.
Num recente evento Amadeus, uma série de companhias aéreas incluindo a Air Canada destacaram ser um grande desafio a falta de um padrão de calculo quando se trata de emissões de carbono. No início deste ano, a IATA e a empresa de gestão de viagens CWT desenvolveram cada uma as suas próprias calculadoras de emissões de CO2. Em Agosto, o Google recebeu críticas por ter removido as suas estimativas de CO2.
(*) A ATPCO - Airline Tariff Publishing Company é uma empresa privada que se dedica à recolha e distribuição de dados sobre tarifas praticadas, e dados relacionados com as viagens aéreas e da indústria do transporte aéreo.
(**) SAP Concur é uma empresa americana cujo software disponibiliza aos seus clientes uma vasta gama de produtos e soluções para viagens de negócios.
(***) SAF significa combustível sustentável para aeronaves. É produzido a partir de matérias-primas sustentáveis e é muito semelhante, na sua química, ao combustível fóssil tradicional dos aviões a jacto.
Fonte: Elevate 2022 | ATPCO's global Conference 10 a 13 de Outubro de 2022! Elevate é o principal evento internacional do transporte aéreo destinado a inovadores, líderes de pensamento e criadores de soluções.
13 Outubro 2022