Europa: Escassez de pessoal afecta o transporte aéreo

Europa: Escassez de pessoal afecta o transporte aéreo

Multiplicam-se as notícias de falta de pessoal no sector que se mostra transversal em múltiplos países da Europa e os títulos repetem-se nos diversos meios de comunicação social europeus:
 
- Aeroporto de Heathrow acumula dias de caos e milhares de malas;
 
- Quase 38% das agências, com problemas para contratar;
 
- IATA: a autorização de segurança é um freio para agilizar a contratação;
 
- Aeroporto de Amesterdão: cortes de voos no Verão devido à falta de funcionários;
 
- O Verão de 2022 está em risco devido à falta de pessoal e à onda de greves;
 
- ACI Europe: o Verão será um desafio operacional devido à crise de pessoal;
 
Notícias de hoje indicam que a Alemanha identificou que os aeroportos alemães apresentam um défice de 7.200 trabalhadores qualificados pós-COVID. O novo relatório publicado pelo IW (Instituto de Economia Alemã), mostra o impacto que a pandemia teve no número de funcionários na aviação, que registou uma diminuição de 4,1% entre 2019 e 2021 apesar dos apoios disponibilizados pelo governo germânico.
 
No caso da profissão de piloto, o emprego diminuiu apenas 1,5%, passando de 12.413 para 12.226 tripulantes técnicos, por se tratar de profissionais altamente especializados, cujas competências não podem ser delegadas a colaboradores com outras ocupações.
 
No entanto, a categoria de trabalho mais comum na aviação é "especialista em serviços de aviação", que representa cerca de metade da força de trabalho, tendo perdido 6.000 funcionários em dois anos, uma queda de 15% de 44.030 antes da pandemia de Outono para 38.064. As principais ocupações do pessoal aéreo e terrestre incluem especialistas como agentes de check-in ou tripulação de cabine.

Também hoje no Reino Unido os Administradores Executivos da EasyJet Johan Lundgren e Steve Heapy, da Jet2.com, apontam que o Brexit é um dos principais culpados da grave crise de pessoal da aviação sofrida pelo Reino Unido, porque a saída da UE afectou directamente as companhias aéreas: somente na EasyJet cerca de 8.000 candidatos europeus tiveram que ser dispensados, apesar dos problemas no sector para recrutar funcionários. Estimaram ainda que tenha tirado à actividade económica global do Reino Unido centenas de milhares, senão milhões de pessoas do mercado de trabalho. 
 
Entretanto implementam-se estratégias para contornar as regras
 
Dada a rigidez do Brexit, várias companhias aéreas do Reino Unido estão a recorrer a uma estratégia alternativa para contornar obstáculos, ao contratar tripulações europeias sem a necessidade dos vistos de trabalho britânicos. Dessa forma, empresas como British Airways, TUI e EasyJet estão a alugar aeronaves registadas na UE para “driblar” as rígidas regras de imigração do país, segundo o jornal The Telegraph. Este meio de comunicação social britânico afirma que a British Airways alugou quatro aeronaves à Finnair e quatro à Iberia, "em vez de usar qualquer uma das 18 aeronaves Airbus registadas no Reino Unido que a companhia aérea deixou de utilizar deixando-as estacionadas nos aeroportos britânicos. Por seu lado, a EasyJet alugou nove aeronaves à Letónia SmartLynx Airlines para operar em Gatwick e Bristol, enquanto a TUI  está a usar cinco aeronaves da mesma empresa para operar serviços nos aeroportos de Gatwick, Manchester e Doncaster.

23 Junho 2022