XVII Congresso Nacional da ADHP | Discurso do Presidente Francisco Calheiros

XVII Congresso Nacional da ADHP | Discurso do Presidente Francisco Calheiros

“Turismo 2021: Resistir, Prosperar, Inovar”

No passado dia 27 de Maio, o Presidente da Confederação do Turismo de Portugal, Francisco Calheiros, esteve presente na sessão de abertura do XVII Congresso da ADHP, em Fátima. A sua intervenção poderá ser lida abaixo.

Minhas senhoras e meus senhores, 
Boa tarde a todos,

Permitam-me uma primeira nota de agradecimento ao meu amigo e presidente da direção da ADHP, Dr. Raul Ribeiro Ferreira, pelo convite para estar presente na sessão de abertura deste XVII congresso da ADHP. 

Aproveito para felicitá-lo pela escolha do local para acolher este congresso – Fátima - um dos mais importantes destinos internacionais de turismo religioso e a cidade que está no coração de todos nós. 

Obrigado por mais esta oportunidade para visitar esta região tão inspiradora!

Infelizmente, Fátima foi e ainda está a ser também um dos destinos mais afetados pela pandemia da Covid-19. 

Basta lembrar que em janeiro - e cito a Associação Empresarial Ourém-Fátima - 72% dos hotéis em Fátima encontravam-se fechados e em 2020, o INE registou uma quebra nos hotéis de 78%. São números devastadores para uma região que têm no turismo religioso a sua principal e quase única fonte de receitas. 

Ainda assim – e permitam-no a nota de esperança – julgo que o pior da pandemia já passou. Estamos lentamente a recuperar do pior ano de que há memória para o turismo nacional. 

Parecem agora muito longínquos os 27 milhões de turistas que recebemos em 2019, mas temos a expetativa não só de recuperá-los mas a estes acrescentar mais uns milhões. 

E para isso, é preciso trabalhar mais ainda. Desde logo, investir em áreas-chave para o sucesso da nossa atividade – algumas delas muito bem identificadas neste congresso como a educação e emprego no setor, as novas formas de trabalho e relações laborais, a inovação, a sustentabilidade, as ligações aéreas, a segurança sanitária e a promoção turística. 

Permitam-ma acrescentar uma vertente importantíssima e que tem sido um grande cavalo de batalha para a CTP – as empresas. 

Julgo que estaremos todos de acordo que as empresas são essenciais ao desenvolvimento socioeconómico do país. Tratando-se das empresas que atuam no setor mais exportador, empregador e gerador de riqueza e, simultaneamente, aquele que mais sofreu com a pandemia, as atenções devem ser redobradas. 

O Governo deu um importante passo nesse sentido ao criar o plano ‘Reativar o Turismo - Construir o Futuro’ e que eu já elogiei publicamente.

Mas é preciso assegurarmos que este plano se concretiza no curto, médio prazo.  As empresas de turismo estão ainda a sofrer na pele os efeitos de meses e meses consecutivos não de quebra de receitas mas de inexistência absoluta de receitas! 

De nada valerá conseguirmos captar mais turistas se tivermos uma oferta debilitada, com menos ou pior serviço, com equipas exaustas e reduzidas. 

As empresas e os empresários de turismo, que tanto têm dado ao nosso país nos últimos dez anos, precisam agora que olhemos por eles. Pela saúde da nossa economia, pela saúde do nosso país. 

Por isso, reitero aqui, Senhora Secretária de Estado do Turismo, não faça as empresas sofrer mais – as nossas campeãs precisam que o plano de turismo seja operacionalizado com a maior brevidade. 

Aguardamos com expetativa que arranquem rapidamente os instrumentos de apoio à capitalização das empresas, o Fundo para a Capitalização das Empresas, a Linha de Crédito com Garantia para Refinanciamento/Reescalonamento da Dívida Pré-covid e a Linha de Crédito com Garantia para Financiamento de Necessidades de Tesouraria. 

Do nosso lado, fica o compromisso de desenvolvermos todos os nossos esforços enquanto órgão de cúpula do associativismo do turismo para que o próximo ciclo de fundos comunitários inclua programas específicos para o turismo, com orçamentos, concursos, avisos e domínios temáticos próprios.

 

Minhas senhoras e meus senhores, 

Desde 1993, que não tínhamos um ano turístico tão mau como foi 2020. Depois de crescimentos a dois dígitos nos últimos anos, em 2020 a atividade caiu mais de 60%. 

O turismo – que representa 8,7% do PIB nacional, gere milhões de euros de receitas e emprega milhares de portugueses – tem de estar entre as prioridades do Governo para relançar a economia nacional. 

E, por essa razão, é preciso não deixar cair uma obra estruturante para o país e absolutamente essencial à nossa atividade – o aeroporto de Lisboa. 

Talvez a pandemia tenha feito esquecer o congestionamento e as graves limitações que esta infraestrutura apresentava em 2019, porque a verdade é que estamos em 2021 e parece nada ter acontecido entretanto. 

De uma vez por todas, o novo aeroporto de Lisboa tem uma elevadíssima importância estratégica para o país e crise COVID-19 não pode ser desculpa para tudo! 

O que exigimos é que seja clarificada de uma vez por todas esta questão. Chega de adiamentos e recuos. O caminho faz-se caminhando e o futuro não pode esperar mais. 

Obrigado a todos.

31 Mai 2021