Tendências futuras da procura turística
A pandemia da COVID-19 reabriu o debate sobre como devem ser os destinos de viagem do futuro. Enquanto no século XIX as pandemias medievais da peste e da cólera levaram ao alargamento das ruas, os especialistas acreditam que a actual crise sanitária resultará num compromisso mais forte com a sustentabilidade, o ambiente e a circulação pedonal.
As características e os comportamentos dos consumidores irão obrigar os hotéis a uma série de tendências que devem abraçar para não ficarem para trás nesta nova forma de entender os destinos e o turismo.
Humano e Saudável
A primeira tendência, que muitas cidades têm vindo a defender há anos, é a recuperação de espaços para os peões. A cidade antropocêntrica, humana ou pedonal triunfará após a pandemia da COVID-19, provando como é essencial que cidadãos e turistas tenham espaços para caminhar. Uma cidade com espaços verdes e onde se pode caminhar, melhora a saúde daqueles que circulam pelas suas ruas, promovendo o exercício físico e evitando um estilo de vida sedentário e, ao mesmo tempo, reduz a poluição ao diminuir o espaço para os automóveis.
Por exemplo, Pontevedra em Espanha destaca-se: 70% das viagens na cidade são feitas a pé ou de bicicleta, 80% das crianças caminham até à escola, e já não há estacionamento regulamentado, mas sim lugares de estacionamento gratuitos que só podem ser ocupados durante 15 minutos.
Compacto e Conectado
O conceito de deslocação pedonal é um dos principais elementos de uma cidade compacta, que procura reduzir a necessidade do cidadão ou visitante de utilizar veículos privados. Entretanto, uma cidade próxima está em contraste com o modelo tradicional de uma cidade dispersa, onde a população deve percorrer longas distâncias em viagens diárias.
Uma cidade compacta e de proximidade coloca os cidadãos no centro, e todas as suas necessidades devem estar a um passo de distância: escola, trabalho, hospital e lojas. Este conceito também ajuda o viajante, que agora é capaz de descobrir o destino visitando bairros para além do centro histórico. Ao mesmo tempo, este compromisso com uma cidade próxima torna possível a abertura de hotéis e alojamentos de todo o tipo, uma vez que será muito mais confortável de descobrir detalhes da vida destas novas cidades.
Um exemplo disto é o conceito da cidade de Paris a 15 minutos de distância: os residentes deslocam-se dentro do seu bairro porque têm tudo que necessitam nas proximidades. As grandes cidades tornam-se assim policêntricas.
Móvel e Inclusivo
O mais recente conceito vem da Suécia: a cidade em 1 minuto, motiva os residentes a tornarem-se co-autores da nova arquitectura e que redesenhem as suas próprias ruas num minuto. É um projecto hiperlocal, (relacionados ou centrado em assuntos relativos a uma pequena comunidade ou área geográfica), concentra-se exclusivamente na paisagem urbana imediata, utilizando a rua como a unidade básica (foco) da cidade.
A Suécia desenvolveu um kit de mobiliário urbano que os residentes podem utilizar de acordo com as suas necessidades: vasos florais, bancos, suportes para bicicletas, áreas para crianças ou ginásios ao ar livre. Este modelo de cidade móvel está incluído na tendência do urbanismo táctico e participativo.
Inteligentes
A tecnologia aproxima-nos cada vez mais das cidades inteligentes, um modelo que fornece informação constante aos cidadãos para tornar a vida mais fácil. A nível turístico, cada vez mais vilas e cidades estão a aderir à Rede de Destinos Inteligentes. Semáforos, autocarros e lojas comunicarão entre si; aplicações móveis mostrarão lugares de estacionamento nas proximidades; e, por exemplo, será disponibilizado WiFi em toda a cidade.
Tóquio destaca-se a este respeito, tendo combinado sustentabilidade com tecnologia, transformando-se numa cidade inteligente, tendo concentrado esforços para a criação de energia renovável para iluminação pública.
10 Mai 2021