Segurança e Personalização decisivas para o novo Viajante
O novo viajante pós-COVID contribuirá para alterar a sazonalidade, diversificação de destinos e sustentabilidade, além de ser mais descobridor, mais responsável, mais frequente e mais independente. Estas são as conclusões publicadas em Espanha num Livro Branco sobre Turismo com o título “O Novo Viajante”, que envolveu 1700 inquiridos e 50 profissionais do sector. Não se trata de um novo tipo de viajante, mas sim o resultado da evolução provocada pela pandemia e das tendências que já existiam no mercado turístico.
Este novo turista também contribuirá para um ajustamento à sazonalidade, uma vez que 30% dos entrevistados garantiram que viajarão nos últimos quatro meses do ano. É também um viajante mais frequente, que dará preferência a estadas curtas e distribuídas ao longo do ano, o que pode tornar-se um factor positivo para o sector e para a gestão dos destinos turísticos.
Será, da mesma forma, um viajante mais sonhador e descobridor, em constante busca de novos destinos, o que também irá contribuir para a diversificação geográfica, mas sobretudo mais próxima, uma vez que “visitar amigos e familiares” é uma das suas grandes motivações. Será muito mais independente, porque prefere organizar a viagem sozinho. Viajar de carro e ficar num hotel continuam a ser as opções preferidas. No entanto, neste Verão, se a oferta disponível continuar a ser limitada, estima-se que a procura possa exceder a oferta em determinados destinos.
Segurança e personalização por meio de dados são decisivas na tomada de decisão do novo viajante
Com um gasto médio que em 70% dos casos não ultrapassará os 1.000 euros por pessoa, 58% dos viajantes preferem fazer a reserva directamente com o fornecedor dos serviços, enquanto 29% optam por ir a uma agência de viagens.
Para muitos profissionais do sector, a pandemia pode constituir uma oportunidade histórica para repensar o modelo de Turismo e, ao mesmo tempo, manter a sua competitividade. Nesse sentido, a Covid-19 encaminhou o sector para um caminho sem retorno em que as preferências dos consumidores assentarão num modelo com quatro vertentes: sustentabilidade, digitalização, acessibilidade e inteligência turística (popularizado com a designação de "Smart Tourism"); e toda a cadeia de valor do Turismo irá desenvolver-se nestes quatro pilares.
A mudança nos critérios de selecção dos destinos, onde será dada prioridade à segurança, ao atendimento personalizado e à capacidade de atrair empresas e destinos, obrigará a repensar as estratégias de marketing em torno das novas relações que vão surgindo entre os diversos intervenientes. A marca, o turista e o destino, recorrendo ao uso de novas tecnologias que irão tornar os dados inteligentes de modo a constituírem informações determinantes para melhorar a proposta de valor das empresas e destinos turísticos.
Atendendo às novas tendências do consumo turístico, seria recomendável que os Fundos Comunitários “Next Generation” tivessem em consideração investimentos em digitalização nos destinos e nas empresas turísticas, criando plataformas que permitam monitorizar e acompanhar os turistas antes, durante e depois da sua viagem.
Como o fundamental irá ser a empatia com o visitante, temos de saber o que a procura turística imagina, o que deseja e a razão que os leva a essa necessidade, o que torna o Big Data essencial para a competitividade. Segundo esta publicação, se desejarmos saber o que uma pessoa sente, pergunte-lhe e, por isso, já existe um Interface que monitoriza o comportamento e as expectativas de 3.000 pessoas nos principais mercados europeus, cujos resultados são convertidos numa plataforma tecnológica porque, como referem os autores, “não devemos tomar nada como garantido e, para conhecer o nosso cliente, tem que ser por meio de dados, sendo esta a principal razão para sermos ágeis no processo de digitalização”.
01 Julho 2021