Resultados do Turismo a nível internacional: desempenho de alguns destinos

Resultados do Turismo a nível internacional: desempenho de alguns destinos

Se os resultados nacionais do nosso Turismo já estão a ser conhecidos, o que se passa em outros destinos, por vezes nossos directos concorrentes? Fomos ou não mais resilientes? Estivemos em linha com o que ocorreu a nível global. Desta vez, observamos os registos europeus da Itália, da República Checa, das Maurícias em África e, no continente americano, o México.

No entanto, numa análise global constata-se, como tinha já alertado a Organização Mundial de Turismo, que os principais fluxos turísticos mundiais - em especial dos países mais populosos do mundo que alimentaram o crescimento do Turismo mundial - ainda estão longe dos valores de 2019.

Itália

De acordo com Instituto Nacional de Estatística da Itália, a pandemia Covid-19 teve um impacto devastador em toda a indústria do Turismo e levará algum tempo até que o sector recupere. O Turismo italiano foi particularmente atingido, dada também a importância do sector para a economia do país. Alguns dos números são realmente devastadores, com muitos intervenientes do sector a insistirem ainda com a frase “estamos perante um massacre e 2021 não está a correr muito melhor do que 2020.

Em 2020, o primeiro ano da era Covid, o consumo do Turismo interno em Itália perdeu mais de 63 mil milhões de euros, em comparação com 2019, e 31 mil milhões em valor acrescentado. As dormidas de estrangeiros diminuíram 54,6%, acompanhado de uma quebra de 207 milhões de visitantes estrangeiros. Entretanto, este ano, o Turismo ao ar livre foi o que apresentou melhores valores durante o Verão de 2021, tendo ultrapassado os níveis pré-pandémicos nos parques de campismo e aldeias de férias, que já entre Maio e Agosto registaram um aumento de 16% em comparação com o mesmo período em 2019. A tendência positiva para o Turismo italiano continuou mesmo após o início da estação. O interesse por este tipo de Turismo veio do exterior, em especial alemães, com os volumes de 2019 deste mercado a serem excedidos em 10%.

Mas, nem todos os subsectores do Turismo italiano se encontram nesta onda cautelosamente optimista. Com efeito, a este ritmo o segmento do Turismo organizado, em particular, conseguirá mesmo fazer pior do que no trágico ano de 2020, disse Franco Gattinoni, presidente da Federação do Turismo Organizado. Em 2019, o Turismo organizado italiano teve um volume de negócios de 13,3 mil milhões de euros e cresceu 4,3% em comparação com o ano anterior. Agora, o sector prepara-se para fechar contas com 2,5 mil milhões de euros, mais de 80% menos do que em 2019. O principal problema do Turismo organizado é o facto de haver uma incerteza geral no que diz respeito às regras, que estão em constante mudança. Além disso, existe uma falta de perspectiva, que impede o planeamento das épocas turísticas e faz com que a Itália perca competitividade em relação aos concorrentes estrangeiros.

República Checa

Apesar do regresso parcial dos visitantes internacionais, Praga e a República Checa continuam a enfrentar uma redução drástica do número de turistas estrangeiros. O Turismo interno e alguns europeus a viajarem sozinhos não se mostraram suficientes para compensar as perdas da indústria, colocando os negócios relacionados com o Turismo organizado num contexto difícil. Os turistas asiáticos, russos e americanos desapareceram basicamente da região. Segundo as organizações de Turismo checas, o Turismo de Feiras e Congressos (MICE) encontra-se em ruínas. Antes da primeira vaga da pandemia Covid-19 em 2020, uma grande variedade de conferências, exposições, reuniões e muitos outros certames foram realizados na República Checa, especialmente em Praga. Hoje, a situação é desesperante, uma vez que praticamente não há pedidos de realização de certames e a procura caiu abruptamente. Vai levar pelo menos mais um ano para ver qualquer reavivamento neste sector.

As agências de viagens também estão em grandes dificuldades, especialmente as especializadas no acolhimento de turistas estrangeiros no país (incoming). "Os chineses desapareceram, também já não vemos russos e o mesmo se passa com os sul-coreanos e os americanos. De um modo mais geral, todos os asiáticos deixaram de viajar para a região", disse Karel Výrut, do principal operador de “incoming” da República Checa DIR Bohemia. Uma das principais causas apontadas para a situação o sector são os requisitos de entrada em constante mudança: "A razão pela qual aderimos à UE foi que podíamos viajar livremente na Europa, mas essa liberdade não funciona actualmente", disse Jan Papez, vice-presidente da Associação de Agências de Viagens.

De acordo com os peritos em Turismo do país, o sector depende do exterior, que apresenta uma diminuição acentuada da procura - por exemplo Praga, Český Krumlov, e a popular cidade termal de Karlovy Vary. Muitos hotéis têm uma taxa de ocupação de apenas um terço, e os seus empregados estão de partida, a mudar-se para a Alemanha. Devido às restrições impostas aos trabalhadores estrangeiros, não será sequer possível substituí-los por trabalhadores do estrangeiro. Em Praga, quase um terço dos hotéis não abriu e, na maioria dos casos, os proprietários fecharam as operações e despediram os trabalhadores. No entanto, muitos empresários não esperam abrir até à Páscoa do próximo ano, e alguns estão mesmo à procura de potenciais compradores das unidades hoteleiras. Outro problema é a promoção insuficiente da República Checa como destino no estrangeiro. Os especialistas insistem que o governo deve aumentar o orçamento para a promoção turística do país, em especial nos países vizinhos, porque está agora a perder turistas estrangeiros em detrimento de Viena, Cracóvia e Budapeste. Finalmente, os peritos insistem também que os turistas americanos deveriam ser autorizados a entrar no país, apesar de existir acordo EUA-Europa sobre viagens de pessoas vacinadas não existe reciprocidade, e que é necessário encontrar uma forma de captar de novo os turistas asiáticos para o país.

República das Maurícias

Somente irá iniciar a reabertura das fronteiras da ilha a 1 de Outubro de 2021. O país tem uma das mais altas taxas de vacinação total em África, de acordo com o seu ministério do Turismo. Os turistas não vacinados também podem viajar para as Maurícias, sujeitos a catorze dias de estada num estabelecimento hoteleiro aprovado pelas autoridades competentes, continuando assim a aplicar as medidas necessárias para garantir a segurança da população e dos viajantes.

México

Em Julho, as chegadas internacionais ao México atingiram 92% dos números de 2019, segundo o Instituto Nacional de Estatística e Geografia (INEGI). As autoridades anunciaram que o Turismo recupera. Os dados sugerem que em Julho de 2021, chegaram ao México 2.021.000 turistas de outros países, quando no mesmo mês de 2019 o número total de viajantes era de 2.197.000.

A indústria no México beneficiou de uma boa campanha de vacinação, e do facto de não haver restrições de viagem para limitar as chegadas de outros países, ao contrário da Europa, que continua fechada para os viajantes americanos. Como resultado, estes turistas decidiram não viajar para mercados com limitações, enquanto o México permaneceu aberto.

O Centro de Investigação e Competitividade Turística (CICOTUR) da Universidade de Anahuac, também concorda que existe uma tendência de recuperação de empregos causada pela reactivação de viagens internacionais. No relatório, o CICOTUR afirma que o emprego na indústria alimentar e de bebidas atingiu 627.150 postos de trabalho em Agosto de 2021, uma diminuição de 15,1% em relação a Janeiro de 2020. Entretanto, a indústria hoteleira refere 365.610 postos de trabalho na sequência da recuperação dos visitantes internacionais, menos 12% do que antes da pandemia coronavírus.

No entanto, os últimos dados mostram que, devido à pandemia, o México perdeu cerca de 10,1 milhões de turistas domésticos nos primeiros seis meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2019. Até Junho, 19,3 milhões de viajantes domésticos chegaram aos hotéis mexicanos, o que é 34,3% menos do que no mesmo período em 2019, quando havia 29,4 milhões de visitantes locais. O mercado doméstico é o principal consumidor de bens e serviços turísticos, representando 83% da procura total. A recuperação do sector e da actividade económica da maioria dos destinos turísticos do país depende em grande parte da sua reactivação. No entanto, o atraso que ainda afecta principalmente as cidades do interior é preocupante. O Turismo interno mostra uma preferência marcada por visitantes de destinos de praia em comparação com destinos urbanos. Actualmente, Acapulco, com 2,1 milhões de chegadas de turistas nacionais a hotéis no primeiro semestre, posicionou-se como o destino mais importante do país para o mercado doméstico.

20 Setembro 2021