Propostas para aliviar a escassez de trabalhadores no Turismo

Propostas para aliviar a escassez de trabalhadores no Turismo

A escassez de mão-de-obra foi um dos principais desafios do sector do Turismo em 2021, e continuará a sê-lo neste ano que agora se iniciou, conforme o alerta apresentado num relatório do Concelho Mundial para as Viagens e Turismo ( WTTC ).  De acordo com este relatório, o sucesso dessas políticas exigirá a colaboração entre os sectores público e privado. Além disso, aponta para a necessidade dos governos identificarem a tipologia de postos de trabalho de que o Turismo necessita para alcançar vantagens competitivas, avaliar a disponibilidade desses perfis profissionais e determinar que políticas devem ser implementadas para fazer face às necessidades futuras.  Segundo esta organização, “a falta de pessoal vai persistir em 2022, e na verdade, a recuperação do sector depende de sua capacidade de solucionar essa dificuldade”.
 
Nesse sentido, o relatório identifica até cinco linhas de acção que urge implementar:
 
Facilitar a mobilidade do mercado de trabalho
O documento lembra que permitir e facilitar a mobilidade de pessoal qualificado dentro e fora das fronteiras “é um mecanismo eficaz para fazer face à carência e preencher essa lacuna quando se procura determinados perfis profissionais”. Considera ainda neste âmbito que “os governos devem reconsiderar suas políticas de imigração, facilitar sua política de vistos, promover os mercados regionais e resolver os problemas relativos à fiscalidade dos trabalhadores estrangeiros”. Neste contexto, refere-se ao acordo deste tipo alcançado pela Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que tem abordado a carência de trabalhadores qualificados através de disposições sobre mobilidade laboral através de acordos de reconhecimento mútuo, o que lhes permite reconhecer a formação, experiência e qualificações dos trabalhadores em ocupações relacionadas com o Turismo em todos os países desta organização da Ásia-Pacífico, permitindo-lhes trabalhar fora de seu país de origem. No mesmo sentido, estes países chegaram a acordo para agilizar os procedimentos de concessão de vistos de negócios aos cidadãos da região.
 
Facilitar o teletrabalho (quando possível)
A pandemia acelerou a flexibilidade do trabalho e promoveu o teletrabalho. Assim, de acordo com este relatório, viabilizar práticas de trabalho remoto, sempre que possível, “pode ser uma ferramenta útil para enfrentar a escassez de pessoal qualificado, especialmente se as restrições de viagens impedirem a mobilidade de trabalhadores altamente qualificados”. No entanto, o documento confirma a dificuldade de implementação do teletrabalho em muitas funções do sector do Turismo, onde grande parte da contratação é efectuada para contactar directamente com o cliente. “Mas sempre que possível deve ser considerado, uma vez que existem muitos benefícios associados”, recomenda.
 
Defesa do trabalho e melhoria da protecção social
Num momento em que a incerteza decorrente da crise sanitária tem provocado a fuga de trabalhadores para outros sectores, a WTTC destaca a necessidade de se oferecer “trabalho seguro, justo, produtivo que agregue valor – como elemento fundamental para atrair e reter talentos" e menciona que esse problema se agravou com a pandemia. Neste contexto, destaca que os sectores público e privado têm um importante papel a desempenhar na melhoria do bem-estar mental dos trabalhadores. Realça ainda o documento que “os formuladores de políticas necessitam de avaliar e ajustar as estruturas de segurança social e os mecanismos de protecção social, de modo a garantir que ninguém seja deixado para trás”. Recomenda, que em diversos países as empresas devem cumprir uma legislação que conceda direitos aos trabalhadores independentes, como acesso ao salário mínimo ou férias remuneradas.
 
Melhoria de competências e requalificação de trabalhadores
O Conselho Mundial de Viagens e Turismo identifica a necessidade de programas de formação, requalificação e desenvolvimento de capacidades, para que os trabalhadores do Turismo melhorem as suas competências. E dá um exemplo: “Melhorar a literacia digital será fundamental para fortalecer a preparação futura da força de trabalho do sector e ajudar a superar o problema da escassez de talentos”. “É fundamental que a formação ajuste as necessidades actuais, mas também as futuras”, alerta o relatório, que para além da qualificação da força de trabalho, o sector também deve focar-se em “atrair e reter novos talentos, melhorando a percepção de que no Turismo existe a possibilidade de progressão profissional, dando destaque às oportunidades de crescimento na carreira que o Turismo pode oferecer". Ao mesmo tempo, aponta para a necessidade de serem efectuados "esforços" para reter os trabalhadores e evitar "a fuga de activos de qualidade".
 
Programas de aprendizagem
Por fim, o relatório destaca que à medida que a natureza do trabalho evolui, a colaboração público-privada será cada vez mais necessária para fomentar laboratórios criativos de formação, “fundamental para eliminar lacunas em determinadas competências específicas, e desenvolver uma força de trabalho que ajude o progresso do sector”. Neste sentido, dá o exemplo da Suíça, onde existe um sistema dual de formação-educação e estágios em que os alunos combinam a aprendizagem na sala de aula e no local de trabalho, aplicando um modelo de aquisição de competências adequado ao século. XXI.
 
Fonte WTTC, 2021,“Staff Shortages”, December

07 Janeiro 2022