Procura de Viagens Aéreas ainda é 67% inferior à de 2019
A procura global de viagens aéreas de passageiros (medida em passageiro-quilómetro voado/transportado, RPK) diminuiu 66,7% na primeira metade de 2021 em comparação com o mesmo período em 2019, mostrando a difícil situação da indústria aérea mundial em resultado da Covid-19. Os dados foram divulgados na semana passada pela Associação Internacional dos Transportadores Aéreos (IATA).
A IATA revelou que a procura de viagens aéreas internacionais em Junho caiu 80,9%, em comparação com Junho de 2019. No entanto, na área do transporte aéreo doméstico, revelou-se mais forte, com a procura a cair 22,4%, tendo em consideração a mesma base de comparação.
O lado positivo do sector continua a ser o transporte de carga aérea, cuja procura cresceu 8% no primeiro semestre deste ano, em comparação com 2019. Em Junho, o crescimento da procura de carga aérea foi de 9,9% em comparação com Junho de 2019.
O director-geral da IATA, W. Walsh, destacou que o sector se encontra num período de recuperação, mas que ainda tem que enfrentar muitos desafios. A procura de transporte de carga aérea está a atravessar um bom momento. Acreditando que as transportadoras aéreas, apesar das dificuldades, são responsáveis pela manutenção deste tipo de oferta, tendo em conta o espaço disponível oferecido, que se mostra inferior à demais oferta de transporte de carga, numa tentativa de compensação em relação à quebra do número de passageiros transportados.
Walsh salientou que o cenário internacional ainda está muito aquém do ideal. Afirmou ainda que não é o que esperavam, mas sabemos como é determinante a procura internacional para este sector. Como já existem provas de que a vacinação é eficaz, existindo dados concretos sobre a grande diferença no estado de saúde das pessoas vacinadas e as que se encontram hospitalizadas, mostra-se cada vez mais evidente que as pessoas totalmente vacinadas não devem ser impedidas de viajar.
Apesar do crescimento da vacinação contra a COVID-19 em todo o mundo, as nações têm mostrado resistência na reabertura das fronteiras. De acordo com dados compilados pela IATA, três em cada quatro países ainda mantinham restrições ao tráfego internacional até Junho de 2021 - quer sob a forma de encerramento total, medidas de quarentena, quer até a proibição de entrada de viajantes provenientes de países de maior risco.
Um inquérito realizado pela IATA em 182 países indicou que 23 ainda tinham o mercado completamente fechado ao tráfego internacional em Junho e 60 tinham restrições em relação às regiões do mundo classificadas como de maior risco de contágio. Além destes, 52 exigiam medidas de quarentena para viajantes originários de países com elevado grau de contágio. Apenas 46 apresentaram um mercado aberto aos viajantes, impondo todavia medidas específicas relacionadas com a Covid-19, em especial provas de vacinação.
Estes números mostraram-se muito semelhantes aos resultados apresentados no inquérito de idêntica natureza realizado em Janeiro deste ano, onde se constatou que 28 nações estavam completamente encerradas, 67 tinham restrições em relacionadas com a região de origem dos passageiros, 44 aplicavam medidas de quarentena a passageiros oriundos de regiões de maior risco de contágio, e 43 não aplicavam restrições.
A semelhança entre os números apurados deixou perplexa a IATA, uma vez que o número de pessoas vacinadas em Janeiro, em termos mundiais, era relativamente escassa. Em Junho, muitos países já tinham administrado cerca de 70 doses da vacina para cada 100 habitantes, o que para esta associação, mostra-se algo ilógico impedir as pessoas vacinadas de viajar.
De acordo com o director-geral da IATA, a abertura ao tráfego internacional é fundamental, porque as viagens aéreas internacionais não são unicamente motivadas por lazer ou férias, mas estabelece acima de tudo ligações entre pessoas e concretiza negócios, induzindo um grande efeito não só para a indústria aeronáutica no seu todo, mas especialmente nos destinos turísticos e na economia mundial.
02 Agosto 2021