O turismo de saúde e bem-estar tem uma perspectiva positiva
O sector do turismo a nível mundial está a atravessar um período muito duro devido à Covid-19. As viagens e as restrições à mobilidade complicaram muito o desenvolvimento das actividades sendo que nenhum país ou sector é excepção. Nem mesmo o turismo de saúde e bem-estar conseguiu escapar aos efeitos desta crise sem precedentes.
Este tipo de turismo, em todo o mundo, tem sido severamente afectado pela pandemia, mas é interessante observar como vários países ou regiões estão a reagir à situação, especialmente no que diz respeito a viagens e serviços incluídos no conceito amplo de “saúde e bem-estar”, muitas vezes identificado no turismo pelo termo anglo-saxónico “wellness”, cuja expressão se refere a um conceito amplo de bem-estar. Este conceito está relacionado com a ideia de procurar o bem-estar não só em momentos pontuais, mas aliviar o stress ou desconforto, e passa por estimular as pessoas a adoptarem um estilo de vida que traga mais equilíbrio e saúde, com actividades ligadas aos SPA, Nutrição, Massagens, Ioga, etc...
A sustentabilidade tem sido a aposta crescente no turismo de saúde e bem-estar e tem sido, da mesma forma, ainda mais enfatizada nos últimos meses, resultando numa aposta forte da oferta que está a aparecer neste mercado. A pandemia tornou a consciência do bem-estar físico e mental ainda mais importante. De acordo com a Technavio, o mercado do turismo de bem-estar deverá na realidade crescer 315,47 mil milhões de dólares durante o período 2020-2024.
A ideia de sustentabilidade está associada aos materiais utilizados nas instalações e edifícios destinados a esta actividade, que tendencialmente devem ter origem em recursos locais de modo a que os utentes se sintam bem. Também na sua produção, a tendência actual passa por serem produzidos de uma forma “amiga do ambiente” e, em simultâneo, serem benéficos para a saúde. Também têm vindo a ser tidos em consideração aspectos como a eficiência energética e a qualidade do ar e da água. Para além disso, juntamente com o anseio geral por uma vida saudável, as comunidades/ofertas de saúde e bem-estar estão a afastar-se de projectos de luxo excessivo para se posicionarem em ofertas mais acessíveis e amigas do ambiente.
Até há pouco tempo, a região de África conseguiu registar um rápido crescimento no turismo de saúde e bem-estar. Essa situação mudou rapidamente devido à crise pandémica, pelo que, cerca de 8 milhões de pessoas perderam os seus empregos e muitos hotéis que trabalhavam o segmento de saúde e bem-estar tiveram de fechar. No entanto, há alguns desenvolvimentos interessantes. De acordo com especialistas, as ofertas de coaching para reduzir o stress estão ser bastante procuradas. Por outro lado, tem havido também um rápido aumento do interesse pelas ofertas de saúde e bem-estar mental, resultado das restrições e confinamentos, bem como das limitações e ausência de contacto social.
Os especialistas também prevêem que as ofertas de saúde e bem-estar terão uma procura crescente após a pandemia. Isto deve-se principalmente ao facto das pessoas ansiarem por liberdade, como nos tempos anteriores à Covid-19, e estarem desejosas de voltarem à sua vida "normal".
Nesta actividade existe optimismo na Ásia, já que a saúde e bem-estar continuam a ser muito importantes, tal como as férias. Na China, a situação quase voltou ao normal, com as ofertas de exercício físico e fitness a assumirem uma popularidade muito particular no país.
O Sri Lanka, por exemplo, tem vindo há muito tempo a tentar reforçar a sua aposta especializada no mercado da indústria da saúde e bem-estar através de hotéis com oferta muito especializada neste segmento de mercado, acompanhada pela autenticidade nas matérias utilizadas e na construção deste tipo de estruturas. Nos últimos cinco anos, a oferta em toda a ilha tem sido continuamente expandida, com o objectivo de posicionar o Sri Lanka, a longo prazo, como destino de saúde e bem-estar.
Existem, no entanto, más notícias. Devido à pandemia, deixaram de viajar para a Ásia menos 30 a 50 % de turistas do que é habitual. Na Tailândia, por exemplo, muitas instalações de saúde e bem-estar tiveram de fechar, e destas, 35 % já anunciaram que não reabrirão. As consequências do encerramento e da proibição de viagens internacionais estão também a ter um impacto drástico na região da Ásia-Pacífico. Para além disso, existe uma falta de apoio financeiro governamental e perspectivas claras quanto ao planeamento futuro da actividade, o que não tem acontecido noutras regiões do mundo.
Segundo os especialistas neste mercado, a tendência na Europa passa pelo “Wellness No Longer a Luxury” (a saúde e o bem-estar não serão mais uma actividade de luxo). Como se veio a constatar, no ano passado, os mercados europeus tiveram de viver principalmente do turismo doméstico. As viagens domésticas aumentaram particularmente no Norte da Europa e, muito provavelmente, continuarão a ser populares mesmo após o fim da pandemia.
A procura pelo turismo de saúde e bem-estar continua a crescer e nota-se que a Europa está a assumir uma posição de liderança neste mercado turístico. No entanto, será necessário esperar pelo fim da crise para ver todo o potencial deste "novo" produto turístico. Resta ver que novas oportunidades se abrirão para o turismo de saúde e bem-estar na Europa, mas o que é certo é que esta oferta já não é considerada um bem de luxo, mas sim um estilo de vida. As pessoas querem conscientemente tirar partido das ofertas de saúde e bem-estar que sejam bem orientadas para a saúde em geral e mostram-se felizes por poderem vir a beneficiar delas.
21 Abril 2021