Francisco Calheiros no Conversa Capital: "Capital é criar condições para que o Turismo volte a ser o motor da economia"

Francisco Calheiros no Conversa Capital: "Capital é criar condições para que o Turismo volte a ser o motor da economia"

Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal, em entrevista à Antena 1 e Jornal de Negócios

Em relação ao turismo em Portugal, as previsões para 2022 são animadoras. Depois de uma temporada em que os valores estiveram abaixo dos de 2019, entre Janeiro e Março, a situação inverteu-se em Abril. Apesar da situação desfavorável que se vive (provocada pela pandemia e pela guerra que está instalada na Europa), na Páscoa, verificou-se um aumento do turismo em Portugal, que chegou a suplantar os valores de 2019, graças à procura interna, e tudo indica que este aumento se irá manter durante o Verão.

 

Como sempre acontece, começo por lhe perguntar o que é para si neste momento capital em Portugal? 

Para mim, neste momento, a capital é criarmos as condições para que o turismo volte a ser o motor da economia. 

 

A verdade é que o turismo já começa a dar mostras disso mesmo, nomeadamente tendo em conta o que aconteceu na Páscoa em que, graças à procura interna, suplantou mesmo os valores de 2019. Pergunto se estamos em plena semana de feriados, são duas semanas com feriados, que expectativas é que têm para este período de Junho e para estas duas semanas? 

Bom, eu costumo dizer que não tenho uma bola de cristal. Dava-me imenso jeito de tê-la. Mas há questões que não são completamente concretas como antes, como é o caso das reservas. Isto porque antes da pandemia uma reserva só era considerada quando era paga. Neste momento, e depois da pandemia e depois da guerra, por causa dos múltiplos motivos que havia para se poder desmarcar as férias, as reservas só são de facto efectivadas muito pouco tempo antes das pessoas fazerem as suas férias.

Agora, como diz, é uma realidade em Abril suplantamos um por cento os números de 2019 e é uma realidade que este verão todas as reservas, todos os números, todas as indicações que temos vai ser exatamente igual, ou seja, vamos suplantar 2019 quer em dormidas quer em receitas, sobretudo muito por causa do aumento dos preços.

 

E suplementar em que percentagem? Tem já uma ideia em função das reservas feitas? 

Nós de Janeiro a Março ainda temos cerca de quinze por cento abaixo de 2019. Em Abril isso inverteu-se. A nossa ideia é que durante o verão e um bocadinho no final do ano iremos ter os mesmos números, portanto eu diria que a melhor previsão é que vamos estar a fazer os mesmos números de 2019, no que diz respeito a dormidas. No que diz respeito a receitas, por causa de todo o aumento de preços que se verifica internacionalmente, vamos ter, na minha opinião, mais receita do que em 2019. 

 

Pretendem terminar o ano como, assim sendo?

Nos últimos números que temos de 2019 estávamos com vinte e sete milhões de turistas e cerca de setenta milhões de dormidas e uma receita de entre dezoito a dezenove mil milhões de euros e eu acho que os dois primeiros são atingíveis este ano e que o número da receita irá ser ultrapassado. 

 

Em que medida é que será ultrapassada?

Eu diria provavelmente cerca de dez por cento. 

 

E haverá uma alteração relativamente ao que é que se procura, ou não? Há mais turismo interno, mais turismo internacional a nível de turismo internacional a alteração de destinos, ou não? 

Há aqui um ponto que me é importante chamar a atenção: o turismo interno sempre foi muito importante. O turismo interno representou, em média, trinta por cento dos nossos turistas. Portanto, quando nós falamos com o mercado inglês ou o mercado alemão são os primeiros o mercado interno, é bem mais importante.

E foi isso que aconteceu na Páscoa, porque eu até tenho aqui os números exatos e é talvez importante reter, na medida em que a diferença é de alguma dimensão.

Nós em Abril tivemos mais um por cento, como eu tinha dito, mas este mais um por cento deriva de menos quatro por cento de estrangeiros e mais quinze de nacionais portanto é extremamente importante esta diferença e é sempre bom vermos os nossos compatriotas a descobrir ou redescobrir o nosso país porque de facto tem condições extraordinárias e é bom que o façam cá dentro. Portanto, estes números de Abril demonstram bem o peso do turismo interno. 

 

E agora além disso, o que acha que vai acontecer? As reservas que são feitas apontam em que sentido? 

Apontam também muito com uma força grande do turismo interno e dos mercados tradicionais: inglês, alemão, francês, italiano, espanhol normalmente são esses os nossos mercados e muito aqui nas cidades também mercado brasileiro e mercado americano também está já a vir em grande força. 

 

Uma curiosidade: os russos continuam a vir para Portugal? 

Não temos registos, muito pouco sucintos 

 

E esta questão da guerra não tem impacto em termos de destinos turísticos ou alteração de interesses? 

Eu diria que aquelas regiões mais perto da zona de conflito destinos turísticos por excelência alguns deles que tenham ou que vão ter este verão alguma repercussão

 

Nós vamos conseguir captar esse tipo de turista?

Sem achar que nós ganhamos pela infelicidade dos outros, eu acho que não. Acho que nós ganhamos de facto porque somos um destino como lhe digo em 2019 com vinte e sete milhões de turistas que por ele só beneficia agora. Acho que pode haver aqui um ou outro deslocamento de turistas pelo facto de não querer estar naquela zona mais perto do conflito e portanto que se possa deslocar para países mais distantes nós estamos praticamente na na ponta da Europa e portanto além do mais sendo um um destino extremamente seguro que é cada vez mais um dos principais fatores de escolha dos turistas poderemos vir eventualmente a beneficiar daqui ou ali.

 

Francisco Calheiros já tocou na queima da alta de preço ora a guerra na Ucrânia trouxe de facto inflação a níveis que já não eram vistos há décadas na Europa isto que somado à crise no preço dos combustíveis mas para já olhando para a subida de preços de uma forma geral para a inflação que efeitos é que isto está a ter e vai ter no turismo?

Bom o que nós estamos a sentir e isso não é um problema local é um problema perfeitamente internacional hoje em dia por causa de tudo o que disse estamos a verificar um fenómeno que já não nos lembramos há muito tempo. É o fenômeno da inflação.

E o fenómeno da inflação contraria aquilo a que nós estávamos habituados que era uma determinada estabilidade de preços. Neste momento tudo aumenta. Aumentam os preços do transporte aéreo porque como sabemos todos os aviões levam muito combustível aumentam os preços dos hotéis porque aumenta a energia porque aumentam as matérias-primas e portanto eu acho que é um fenómeno novo que nós vamos ter que adaptar.

Esperemos que não seja um fenómeno muito duradouro no tempo, e aí voltemos digamos assim àquelas taxas de inflação a que temos estado habituados, como disse e bem nos últimos 20 anos.

Mas agora há uma consequência direta, claramente quer dizer, há aumento de preços, aliás já se estão a sentir os aumentos de preço, já se verificaram na páscoa e neste feriados de Junho, e para o verão as pessoas que estão habituadas a fazer uma determinada férias no Algarve, Porto Santo, Açores, para onde for, se forem para o mesmo sítio, vão sentir com certeza um aumento de preços.

Mas é ou não um fenómeno que pode ter efeitos de sinal contrário, porque há pouco referiu, por exemplo, um aumento da receita por via do aumento dos preços, mas por outro lado isso pode ter um efeito negativo na procura

Eu acho que não pela seguinte razão, porque não é um fenómeno local, é um fenómeno global, portanto quando se estiver a comparar o nosso turista, o nosso cliente. Estávamos à pouco a falar, Inglês ou Alemão vai para Portugal, Espanha, Itália, ele vai verificar esse aumento de preços em qualquer dos sítios onde vá.

 

Mas uma questão que se pode colocar, ele pode decidir não ir para lado nenhum por causa disso.

Mas esse é que é o ponto, é que depois da pandemia ele vai. Há diversos estudos que indicam que há alguns hábitos que se alteraram nas pessoas depois da pandemia, por exemplo o maior investimento na saúde é uma das conclusões que se tira, e a outra é a maior despesa no lazer, ou seja as pessoas querem aproveitar mais, e portanto depois de dois anos sem sair. Eu este ano não tenho grandes dúvidas que não é pelo fator de ser cinco, dez por cento mais caro que a pessoa não vai vir, eu acho que a pessoa vai vir, até porque comparando com uma concorrência, é mais dez por cento aqui do que ali, não é mais dez por cento de diferença.

Não será a inflação que vai demover os turistas.

 

Penso que não, não será por aí.

Está a ser repercutido o preço a que nível, qual a percentagem, ou seja uma viagem, uma estadia num hotel por exemplo os hotéis tiveram de fazer aumentos de que percentagem, há uma média que vocês conseguem?

Não, não há. Não se conhece essa, esses números… vamos ver, normalmente, seja um hotel, ou um restaurante, um rentacar, ou uma companhia aérea, os preços, quer dizer funcionam com determinadas margens, uma margem x não é, e portanto…

As margens são as que são, não é? Trabalhamos com orçamentos, os orçamentos são feitos de um determinado pressuposto, a margem é determinada em percentagem e portanto ao fim ao cabo é isso que se aplica.

 

Porque há sectores que efetivamente estão a reduzir um pouco as margens para poderem continuar a manter a procura, no vosso caso aparentemente não há problemas de procura portanto podem fazer repercutir todos os custos do aumento, ou não?

Nunca se consegue, nunca se consegue.

 

Mas estamos a falar de percentagem de aumento.

Não, não há… 

Porque repare, deriva de imensas coisas, por exemplo no caso do hotel que está a falar, há muita dependência de energia portanto é uma das maiores despesas que tem, e há muita dependência das matérias primas do custo da alimentação, e portanto isto é aumentos perfeitamente variados não é, nunca é fácil e sobretudo quando os aumentos são muito grandes, se fossem aumentos de 1, ou 2 %.

Pronto, aí é relativamente fácil conseguir manter a margem, porque são pequenos aumentos. Agora quando o aumento é muito grande é evidente que não se consegue repercutir todo o aumento do custo de produção no custo de venda.

 

E as outras actividades ligadas ao turismo, elas estão a recuperar, também estão a sentir, assim o pulso do turismo, porque muitas tiveram mesmo que encerrar, não é?

Nós não temos ainda números de 2021, mas em relação a 2020 fecharam poucas empresas.

Poucas empresas para aquilo que se estava à espera, agora a realidade é que já lá vão mais de 2 anos de pandemia, colada com uma guerra. E ao fim destes 2 anos as empresas aguentaram, como disse fecharam poucas. 

Eu diria que por dois fatores muito claros, o primeiro porque não nos podemos esquecer e nós não nos esquecemos que os anos de dezessete,dezoito, e dezanove, foram anos extraordinários para o turismo, e portanto as empresas de turismo estavam super capitalizadas com balanços muito positivos, e portanto deu-lhes margem para poder aguentar. E a segunda, é que algumas medidas do governo, nomeadamente o lay off e o apoiar retoma, a maior parte das nossas actividades têm muito funcionário, foram extremamente importante, dito isto fecharam poucas empresas, as empresas aguentaram, mas cada dia que passa torna-se mais difícil porque estamos ainda a olhar para a retoma, a retoma esperamos todos que venha mais depressa, eu lembro-me de discutir que a retoma, no princípio da pandemia ou no meio da pandemia seria a 23, 24 ou 25, nós provavelmente vamo-la atingir a 22, mas também não nos podemos esquecer que quando vem a retoma é quando há mais necessidade de capital, seja numa empresa de distribuição que tem cash flow negativo, viagens, seja numa hotelaria que tem de rever todos os seus equipamentos, etc; e portanto estamos numa situação em que a situação das empresas está bastante fragilizada  e por isso a conferderação tem falado muito que é fundamental capitalizarmos as empresas e todos aqueles planos que tinhamos inicialmente no PRR onde o turismo não foi contemplado, aliás como a maior parte das actividades, mas o plano o PRT foi o plano de reactivar o turismo foi feito exatamente para isso tem lá verbas extremamente importantes na ordem dos 4 milhões de euros para capitalização das empresas através de apoios, através de capital de risco, através de obrigações, através de meios de capital. Há uma série de instrumentos, mas que não têm saído do papel e esses instrumentos são de facto fundamentais para robustecer as nossas empresas, porque a procura como vimos está a vir mais depressa do que aquilo que estávamos à espera.

 

Não receberam nada ainda desse plano?

Está muito incipiente e ainda não saiu praticamente nada no que diz respeito à capitalização das empresas. Está a operacionalidade está difícil, temos feito chegar isso ao governo, é muito importante que isso aconteça porque temos de ter as nossas empresas fortes, robustas porque a procura está muito mais rápida do que aquilo que estávamos à espera.

 

Mas o governo dá alguma explicação sobre porque é o plano reactivar o turismo ainda não saiu do papel?

Bom, o plano reactivar como sabe ainda foi feito pelo anterior governo, pronto, entretanto isto aconteceu tudo, nós falamos da pandemia, falamos da guerra, mas também temos de falar que entretanto houve um orçamento chumbado, por precipitação de eleições, formação de novo governo. 

E todos sabemos que quando andamos cá há uns anos, que isto tudo emperra a máquina, nomeação de ministro, novos ministros, mudanças de pastas, no caso da economia aconteceu e por isso há aquela burocracia normal do estado que tem levado a que estas medidas tenham demorado um bocadinho, aliás como o  Portugal 20/30 que já está tratado também, foi agora enviado para bruxelas.

Mas o plano de ação eram 6 mil milhões de euros, 3 mil milhões para apoio às empresas.

4 mil milhões para apoio às empresas.

 

E desses 4 mil milhões de euros tem noção de quanto é que já chegou, ou não?

Muito pouco ou quase nada.

 

O que é que é muito pouco?

Eu não tenho o número porque eles é que operacionalizam, mas posso dizer que abaixo de 10 % com certeza, portanto é irrelevante o montante que está a chegar às empresas neste momento para capitalização. 

 

Vamos agora aos factores que podem realmente condicionar a boa prestação do turismo nos próximos meses, e um deles é a falta de mão de obra. Recentemente ouvimos alguém a pedir uma via verde para os emigrantes à associação de hotéis de Portugal, é também uma situação que preconiza, ou seja, qual é a vossa perspectiva enquanto confederação do que se passa, quantos trabalhadores precisa, e se esta pode ser uma solução?

Eu acho que nós aqui também não podemos inventar muito, antes da pandemia em 2019, começámos a sentir as primeiras necessidades de mão de obra, não muito grave, mas começou-se a sentir, um bocadinho no turismo, um bocadinho na construção. Veio  a pandemia e infelizmente para todos esse problema deixou de se pôr, neste momento estamos em retoma e aquilo que nós verificamos é que não é no turismo.

No país não há mão de obra, não há na agricultura, não há na indústria, não há no comércio, não há no turismo, não há em lado nenhum. Mas se sairmos de portas na Europa esse problema está a ser levantado em praticamente todos os países, vemos notícias de Inglaterra, problemas nos aeroportos, nas companhias aéreas, na Áustria e Espanha, portanto esse problema é um problema que é global a nível da Europa. E na minha opinião eu não vejo alternativa que não seja emigração, e mais, emigração é algo que devemos olhar e falar com toda a naturalidade, o que é a emigração? 

São pessoas que vêm do país A para o país B à procura de melhores condições de vida. Ora nós há uns anos atrás éramos quem emigrava à procura de melhores condições de vida, e portanto é algo que se vê na realidade.

 

O que é que aconteceu às pessoas que estavam no sector do turismo e que deixaram de estar, e foram efectivamente afastadas, não conseguem recuperá-las porquê?

Nós no pico da pandemia devemos ter perdido cerca de 80 mil trabalhadores, desses 80 mil, 40 mil já recuperamos. É meu entendimento que até ao verão vamos recuperar mais 20 mil, mas o problema agora não é esse, o problema é que não há em lado nenhum, portanto eles agora estão empregados noutros sectores e estão bem.

 

Portanto a emigração não vai resolver o problema a curto prazo.

Não há outra alternativa, nós precisamos. É que estão a esquecer uma coisa, que é o ponto de partida, nós estamos com 5,5% de taxa de desemprego, 5,5% é pleno emprego, não há desemprego. Portanto, a solução tem de passar pela emigração.

Agora esses corredores, e eu lembro-me ainda no anterior governo do ministro Augusto Santos Silva, ministro dos negócios estrangeiros, de dizer que já tinha feito os protocolos com os PALOP e a Índia, ora esses protocolos não sei se estão feitos, não sei se essa autoestrada que falou, mas que é fundamental. 

Nós aqui temos vantagem, que é de facto os PALOP, nós temos umas centenas de milhões.

 

Mas vocês enquanto confederação não estão a tratar disso, não estão a criar esses canais de ligação? Precisam do governo para fazer isso?

Não, isso tudo são questões do governo. Os vistos, as alterações de residência, nós não podemos interferir nisso, estamos completamente disponíveis para ajudar no que seja preciso, mas há uma questão, que é a questão operacional que começa com as embaixadas, e os consulados, é uma diplomacia económica que nós não podemos, não nos compete a nós. Agora estamos completamente disponíveis, o que nós podemos e fazemos, é… estão aqui as oportunidades de emprego, estão aqui os contratos de trabalho. Isso nós operacionalizamos muito rapidamente, como aconteceu agora com os Ucranianos.

 

Mas a  questão não é, se pagassem mais, conseguiriam ter mais pessoas?

Não, não tem nada a haver com isso, é que não existem pessoas. 

E aliás, o pagar mais. Sabe que eu sou grande defensor da lei da oferta e da procura e o que está a acontecer neste momento é, como a procura é maior que a oferta, os preços sobem e neste caso os salários também estão a subir. 

 

E no vosso caso, para concluir, seriam cerca de 20 mil ainda este ano que precisavam, pelas contas que fez à pouco? 

Aí, à vontade, e admitindo que ainda vamos recuperar 20 mil, e por isso, de facto temos de apelar ao governo para que seja mais rápido a despachar isto tudo, porque este é o tipo de investimento que não custa dinheiro para o governo, e que se vai traduzir num aumento de receita.

 

Vamos agora falar um pouco daquelas que são as primeiras portas de entrada de quem entra no país. O primeiro contacto que os turistas têm é quando entram no país, aeroporto, SEF, mas vamos começar pela TAP.

De que forma é que a situação na TAP, e em concreto a contestação dos pilotos pode colocar em causa as metas de crescimento do turismo?

Eu sobre a TAP tenho duas ideias.

Primeira, a Tap, e nós temo-lo dito, é de facto muito importante para o turismo Português, não vou entrar nas polémicas do Porto e Algarve, etc; até porque são dois aeroportos que funcionam por si, são completamente autónomos. Mas nós não podemos esquecer que quando o turista vem para Lisboa, por exemplo, onde a TAP tem um papel determinante e uma percentagem muito grande. Está a distribuir muito turista pela região centro, pelo Alentejo, pelos Açores, e pela Madeira e portanto não tenhamos dúvidas que a TAP é muito importante. 

Agora nós criticamos na altura a nacionalização da TAP, acho que isso foi pecado de capital. Nunca deveria ter sido feito, e neste momento a contestação está aí, e é evidente que levando ao extremo o que são as contestações. Num passado tivemos isso, por exemplo, uma greve de uma TAP é evidente que é desastrosa para o turismo.

Vamos ser claros, foi uma altura em que houve porque as pessoas estão um ano a trabalhar, e a pensar em fazer umas férias. Não vai com certeza marca-las numa companhia que possa vir a ter, não é que tenha, é que possa vir a ter. Não arrisca, portanto essas questões são sempre complicadas.

 

Outra questão que se coloca, são as imagens que temos vindo a ver recorrentemente no aeroporto de Lisboa,  em concreto, com multidões à espera de poder passar pelas burocracias de entrada no país, como é que olha para essa situação e que consequência é que isto poderá trazer?

É um desastre, já não sei mais o que dizer em relação ao aeroporto, de facto eu acho que é um assunto que nos deveria envergonhar a todos. 

É inexplicável como é que se está há mais de 50 anos para decidir um aeroporto, e ao dia de hoje não temos qualquer decisão. Eu posso dizer que a confederação depois de gritar até que a voz lhe doesse, pelo problema do aeroporto, tem tido várias evoluções aqui pelo caminho. Nós estamos a terminar um estudo que deve estar pronto no final deste mês. Aquilo que vamos tentar demonstrar é que depois de ouvires todos os stakeholders, ou seja, um estudo muito profundo sobre o tipo de viagens que estamos a perder, o tipo de companhias que não conseguem mais slots, quanto é que um avião traz em média de turistas. Portanto tem toneladas de pressupostos, mas vai chegar a uma conclusão que é esta: por cada ano que estivermos a atrasar, qual é o impacto que vamos ter em euros, que é isso que é importante para a nossa economia, ainda não temos esse estudo terminado, esperamos ter este mês de Junho o estudo terminado, mas eu não tenho dúvida nenhuma que o impacto vai ser verdadeiramente astronómico.

 

Milhares de milhões de euros de perda para o país por cada ano de atraso na construção do aeroporto.

É impressionante porque de facto nós estamos a perder, e há uma coisa que falou e bem, não sabemos até quando será o impacto. Mas eu lembro-me de um voo inaugural de uma companhia Canadiana, em que estava cheio de jornalistas e em vez de ter saído as magníficas paisagens do nosso país, aquilo que saiu foram as filas à entrada do aeroporto de Lisboa, isso é algo muito complicado. É a primeira entrada que o turista tem e é o pior cartão de vista que podemos dar. Portanto temos um problema do aeroporto em que eu já não sei o que dizer.

 

Acredita num entendimento entre o PS e o PSD para fazer avançar a estrutura?

Neste momento, é uma das minhas grandes prioridades, falar com o Dr. Luís Montenegro. Porque de facto, justiça seja feita, que neste último momento, o grande atraso foi por culpa do PSD, porque não nos podemos esquecer de que o governo de Passos Coelho decidiu a alternativa Montijo quando o PS teve as primeiras eleições geringonça, decidiu manter  o Montijo e foi quando ambos descobriram que havia uma lei em que uma pequena junta poderia inviabilizar uma estrutura fundamental para o país, e portanto essa lei poderia ser alterada. Quando foi para alterar essa lei o PSD não se chegou à frente nesse sentido, e portanto aqui houve culpas, e eu gostava de saber se há uma inflexão de posição nesse sentido para podermos andar para a frente, mas é uma coisa que faz uma grande confusão, porque repare isto aqui, todos são culpados. Só para lhe dar uma ideia, o recente 4/ 5 anos é culpa do PSD de nós não termos aeroporto, mas se for ler e nós tivemos o cuidado no relatório do programa do orçamento de estado para 2022, na página 324. Depois de fazer uma série de considerações das consequências da pandemia, uma crise muito grande, desse modo (eu estou a ler) a solução dual composta pelo aeroporto Humberto Delgado, e o novo aeroporto do Montijo deixou de ter a mesma pressão. Isto está escrito para o orçamento de 2022. No verão a bagunça no aeroporto vai ser enorme. 

 

Era isso que lhe ia perguntar, há um problema imediato e já toda a gente reconheceu que a procura acabou por suplantar aquilo que se previa, e portanto as infraestruturas do aeroporto não estão preparadas para este verão, pois não?

Vamos recordar aquilo que aconteceu em 2019, que de facto houve muita coisa que não correu bem, em que o pico de turistas é extremamente grande e de facto o aeroporto anda a tentar esticar há 50 anos, é evidente que a ANA faz parte da nossa direção, temos tido contactos permanentes com a ANA, está se a tentar fazer cada vez mais, esticar, nenhum de nós se lembra de ir ao aeroporto e ele nao estar com qualquer obra, e portanto vamos tentar continuar a aumentar a capacidade, e é isso que a ANA está a fazer, mas o espaço é limitado, não estica. Portanto temos de ser muito claros que a decisão, ou a não decisão do aeroporto, que há uma questão que é essa, quando eu decidir o aeroporto ele não está pronto num ano.

 

E não estaria pronto este verão, a questão é, não houve a preparação para este verão, nem para esta retoma.

Não, nem para este verão, nem para o verão passado, nem para nenhum. Como vi que está escrito no orçamento que não há pressão, está escrito para 2022. E vamos ver uma coisa, eu até admito que em 2022 as pessoas pudessem pensar que não vamos ter a procura de 2019, eu acho isso perfeitamente natural, mas vamos ser claros, que se nós hoje decidirmos, e estamos a falar de estudos que não foram ainda adjudicados, hoje vai começar a construir o aeroporto, é no mínimo 3 anos, portanto ultrapassa qualquer  hipótese de a retoma ser em 22, 23, 24, ou 25, não é mais aceitável, que não haja uma decisão do aeroporto.
 

Mas ainda há tempo para fazer alguma coisa para minimizar os impactos deste verão?

É isso que a ANA está a tentar fazer, mas temos de ser muito conscientes, se vamos ter uma unidade sem qualquer problema nos picos? Não, isso não é possível, não vai acontecer.

 

Se a imagem como há pouco dizia, da chegada ao aeroporto de Lisboa, as imagens de longas filas e atrasos, se prolongarem e subsistirem isso terá impacto, eventualmente, nas reservas que não se vão concretizar, ou não. Ou seja, a meio do verão as vossas expectativas poderão não ser correspondidas.

Há uma série de fatores que nós não conseguimos calcular. O impacto, isso é um número que não conseguimos. Aliás há aqui uma questão, que eu não gosto muito de chamar a atenção, para não desviar as atenções, mas estão vários aeroportos da Europa com os mesmos problemas, eu não gostaria de que por causa disso houvesse qualquer desculpa. 

Agora eu acho que pior do que não ter as reservas, não é isso, eu acho que as pessoas acabam por vir. Agora a imagem que fica, é má. E se calhar uma das coisas que Portugal tem muito forte, que é os repeaters, vai pensar “eu não estou para voltar a passar por aquele inferno de estar 3/ 4 horas a sair daqui”.

 

Há pouco falava da questão da capitalização das empresas, que impacto é que poderá ter o aumento das taxas de juro nas empresas do turismo?

Isso é um problema nacional.

Quer dizer a taxa de inflação vai se repercutir nas taxas de juro, e na taxa da dívida pública que já está a aumentar e portanto as taxas para as nossas empresas também vão aumentar. O que eu acho é que é fundamental, ínsito na questão da capitalização, porque depois a coisa mais importante é que haja clientes, que haja vendas, e isso antecipou-se bastante, e nós vamos ter, digamos assim, um ano de 2022 muito parecido com o de 2019, e portanto não tenho dúvidas de que as empresas irão gerar o cashflow para poder pagar esse aumento das taxas de juro nos financiamentos que têm. 

 

É curioso que durante a crise pandémica o turismo  foi um dos sectores que mais se ressentiu, já falamos sobre isso, e na altura falava-se muito, e criticou-se muito a dependência do sector do turismo. E agora a Comissão Europeia vem efectivamente dizer que as previsões económicas para este ano, ou seja, Portugal vai ter um crescimento superior a outros países da zona euro, assente sobretudo no turismo. 

Que resposta tem a dar aqueles que criticaram essa dependência que fez afundar, mas que agora faz recuperar?

Quando se fala que o país está muito dependente do turismo, temos de ter a noção, há várias maneiras de poder calcular a percentagem do PIB que depende do turismo, mas estamos a falar de qualquer coisa como 15%.  Há  85% que não dependem minimamente do turismo, portanto o peso é este, não é outro, é 15%. Agora aquilo que eu digo, é que o turismo tem uma actividade que é muito transversal, que consegue mexer muito com a economia, além de ser a maior actividade exportadora, é uma actividade exportadora que paga IVA, porque é consumida cá dentro, agora o que eu gostaria é, o turismo tem tido taxas de crescimento muitíssimo grandes, o ano de 17, 18, e 19, foi de facto anos de crescimento gigantescos, o que eu gostaria era que se inspirassem no turismo para crescerem nas outras actividades como o turismo está a crescer, e se estivermos a crescer a taxas de 6, 7 ou 8% amanhã podemos ser considerados ou conhecidos como os tigres da Europa, o que era extremamente favorável porque aquilo que nós país precisamos é crescer mais do que temos vindo a crescer agora.

 

Mas parece estar aqui uma certa falta de vontade política em assumir a relevância do turismo e o quanto ele é importante para o crescimento económico, ou não?

Nós costumamos dizer que nós não precisamos que o Estado faça o nosso trabalho, só não precisamos é que ele não complique. Agora, olhe deixe-me dar um exemplo que é relativamente recente que é aquelas classificações do bolo económico que fazem normalmente a classificação dos países e depois a classificação das actividades. Portugal estava, se não me engano, nos números de 2019 em 32º lugar no índice de competitividade, e dentro de Portugal, o turismo estava em 12º, ou seja muito mais competitivo que o país, nós agora baixamos. A última classificação no turismo, vamos para que penso 16º, mas convinha perceber porquê. Isto é uma componente de vários índices, há dois índices que pioramos muito. 

O primeiro tivemos aqui um bocado de tempo a falar, é o das infraestruturas, a questão do aeroporto. A segunda, é exatamente aquilo que colocaram em cima da mesa, ou seja, a pouca atenção que o governo tem dado ao turismo, e tem dado, eu chamaria atenção nomeadamente de duas formas. Em primeiro lugar a promoção que deveria ser um investimento muito maior do que  tem vindo a ser. Até porque há anos que está a investir pouco em promoção, e de facto nesta nova orgânica do turismo. Nós sempre dissemos que era mais importante, ou que fazia sentido haver um ministério do turismo, como há numa outra série de actividades. Não foi esse o entendimento do governo, agora não me parece minimamente aceitável que além de ter uma secretaria de estado do turismo, ainda tenha de abarcar mais o comércio, e mais os serviços.

 

Em relação aos apoios do estado, passámos aqui pelo Portugal 20/30, ainda que embora de forma marginal. Mas o sector pode ainda contar com as verbas do Portugal 20/30, ou o atraso vai comprometer os objectivos do turismo?

Pois, ele já está atrasado. Já começa atrasado. 

Vamos ver como é que vai evoluir, sabemos que neste momento essas análises estão feitas. Eu penso que o ano máximo em que Portugal operacionalizou fundos foi cerca de 3 mil milhões num ano. Agora se juntarmos o Portugal 20/30, o PRR, etc; estamos a falar em 6 mil milhões todos os anos. 

Tenho as maiores dúvidas que haja capacidade para o fazer, embora seja. 

Mas como lhe digo, as empresas de turismo não estão muito, muito à espera desses apoios. Esses apoios são importantes, mas é preciso que se operacionalize. O que o estado tem de fazer, mas que decida a questão do aeroporto, decida como é que vai trabalhar com a TAP, ponha um ponto final no que se passa com o SEF, ponha o produto de capitalização a funcionar nas empresas, faça a promoção que há 5 anos não está a fazer. Nós não pedimos muito mais, só queremos que não atrapalhem, mais nada. Nós sabemos fazer bem o nosso trabalho e isso está demonstrado no passado, penso eu.

 

Atrapalha o facto do primeiro ministro ter vindo pedir aumentos de 20% de salário médio nos próximos 4 anos? 

Não é uma questão de atrapalhar, eu aí levava para outra questão, que é, eu acho que o anterior governo e foi público as manifestações que as confederações tiveram praticamente ao sair da concertação social, eu acho que este novo governo tem que, ao contrário do que fez o outro, dar a importância da concertação social que ela tem e não o tem dado. Portanto correu mal a anterior legislatura e eu acho que também não está a começar muito bem porque esse tema, como a semana dos 4 dias, como muitos outros nem foi aflorado nem agendado numa concertação social. Agora, esta concertação social que já foi elogiada muitas vezes e por muitos organismos é o local próprio onde está o governo, onde estão as entidades patronais, onde estão as entidades sindicais para se discutir esse tipo de problema.

 

Mas o sector tem condições para fazer isto ou não? 

Eu acho que, porquê vinte, porque não trinta ou dez? Qual é o raciocínio? Eu quando me puseram uma questão dessas à frente a primeira coisa que eu disse foi mas porquê a mim. Vou lhe dar um exemplo, estávamos há pouco a falar da inflação, não sabemos onde é que vai parar. Olhe vamos pôr 10% de inflação ao ano, 20% de aumento de salários numa legislatura, é péssimo, é pouco. Qual é o critério?

 

O sector também não estabeleceu uma meta? 

Mas, não.O que nós defendemos em concertação social e o sector do turismo defende vamos definir critérios objectivos, sim senhor. Objectivos que definem a economia. Agora quando se diz 20%, 20% baseado em quê?  Qual é o raciocínio? Qual é a lógica? Não é nada discutido, 20 % pode ser imenso e 20% pode ser pouco.

 

É óbvio que o salário mínimo está mais próximo do salário médio, no sector do turismo isso também não é exceção. Portanto qual é o vosso critério para aumentar o salário médio, o que é que vão fazer? 

Vou dizer o que disse há pouco, eu acredito muito, muito na lei da oferta e da procura, e aquilo que está a acontecer hoje, e vai continuar a acontecer nos próximos meses, e esperamos que anos, é que a procura é muito maior que a oferta e portanto esse efeito vai alavancar os salários, já está a alavancar e vai continuar a alavancar.

 

E o aumento do salário mínimo contribui para essa alavancagem?

Não, é como todos os outros. Repare que o problema aqui é, tem um trabalhador a receber o salário mínimo, e outro trabalhador a receber o dobro do salário mínimo, é pressão em cima dos dois. Não se consegue encontrar, e hoje em dia, inclusive, os grandes grupos dizem-no publicamente, nenhum paga o salário mínimo.

 

Mas o sector da restauração não pressiona negativamente essa meta?

O sector do turismo é um sector extremamente grande, vai desde a questão da aeroportuária, até aos rentcars, companhias aéreas, hotelaria, restauração, agências de viagens, golfs, animação turística… Como em tudo, há uns sectores que têm médias completamente diferentes, e provavelmente a restauração é muito heterogénea, emprega cerca de 200 mil pessoas pelo menos, e há de tudo. Há restaurantes em que vamos e pagamos um determinado preço, e outros em que vamos e pagamos outro, e os restaurantes também pagam aos seus colaboradores de uma forma diferente.

 

Mas essa questão dos salários médios, vai ser discutida no acordo de rendimentos, não é, vão falar sobre isso?

Como sabe, ou penso que sabe o acordo de rendimentos ainda não foi agendado minimamente na concertação social, portanto temos de saber o que é que se passa.

E era isso que eu lhe ia dizer não ajuda estarmos a falar desses temas, no acordo de rendimento que acabou de falar, aumentos de 20%, semana de quatro dias, sabe do que é que está a falar? Se me poder dizer eu agradecia, o que é que é a semana de quatro dias eu não sei, nunca foi agendada. 

 

Mas independentemente de o governo falar nisso, o sector tem ideias próprias, ou seja, já terá discutido entre si a semana dos quatro dias, já terá discutido entre si o salário médio, portanto também não precisam que o governo venha dizer o que é que têm de fazer.

Não é isso. À priori o sector do turismo não está com certeza a discutir a semana de quatros dias, então uma actividade que é 24 horas por dia, sete dias por semana, 365 dias, está a discutir uma semana de 4 dias? Claro que não. Mais, a seguir a uma situação de pandemia em que o teletrabalho veio para ficar e que nos estamos a adaptar ao teletrabalho  todos, estarmos a discutir a semana? Não, não faz qualquer espécie de sentido. Agora é para discutir, mas tem alguma ideia do que estamos a discutir, do que é que se está a falar? Sem saber do que é que se está a falar.

E falámos há pouco, qual é a proposta que o governo tem para ele? Baixa 20% do IRS e do IRC para ajudar também, ou seria só?

 

Mas isso entraria na concertação social, ou seja aceitaram esse tipo de medida como moeda de troca para outra?

Não é como medida de troca. O trabalho concentrado já existe, já existe há mais de 10 anos. Agora, aquilo que parece, e repare bem o ridículo disto, aquilo que parece porque não está nada dito, é que não é isso que se pretende, não é o trabalho concentrado, é a semana de 4 dias, mantendo as 8 horas por dia, não é? Mas pagando o mesmo salário, mas é isso que está em cima da mesa. Nós nem sabemos o que é que estamos a discutir. E acho mesmo que quando nós temos uma ideia e queremos construí-la, devemos  discuti-la num fórum próprio. Não vamos todos estar a dar palpites. De repente quando essa ideia vai a ser discutida já estão tão estragadas posições de, “ não, eu não aceito isto”. 

 

Mas não acha que é esse o propósito?

Não, acho que não faz sentido. Então é querer anular completamente a concertação social e não são essas as palavras do primeiro ministro. Tem havido aqui alguma distração, mas acho que o comboio vai encarrilhar para utilizar aqui umas linguagens um pouco mais turísticas, brevemente, e acho que o governo vai dar com certeza a importância à concertação social que ela deve ter, e que é um instrumento poderoso para o governo, não é?

 

Portanto não estão no ponto em que estiveram já uma vez, de se levantarem da mesa e saírem?

Não, não, não.

 

Noto em termos gerais que tem alguma expectativa e que está relativamente aquilo que serão as respostas do governo. E portanto há aqui ainda alguma margem de manobra, benefício da dúvida que dá relativamente atenção ao sector.

Eu sou um optimista por natureza, e de facto aquilo que eu tenho para dizer é o seguinte. Este governo tem 4 anos e meio de governo, tem uma maioria absoluta, e tem fundos como nunca foram vistos. Eu não posso por outra hipótese que não seja este governo ponha de facto o país a crescer, porque tem de facto condições como penso que dificilmente alguma vez voltará a haver e portanto como sou um otimista, tenho grandes esperanças que com estas condições de facta seja desta vez, finalmente, que possamos convergir para a europa e possamos estar a ver daqui a 4 ou 5 anos que de facto o país cresceu, convergimos e estamos cada vez mais na média europeia.

 

Só para concluirmos, espera que a cimeira do turismo em Setembro dê um contributo também para essa atenção redobrada ? 

Esperamos mesmo que sim, dia 27 de Setembro como há 10 anos fazemos, temos a nossa cimeira. Convido todos os que quiserem estar, a cimeira vai ser, já está toda fechada, vamos ter presidente da república, primeiro-ministro, ministro da economia, ministro de estado, ministro do trabalho, vamos ter oradores importantes com o Paulo Portas, vamos ter vários empresários do sector. 

 

Não falta ter o ministro do turismo nesta cimeira?

Na minha opinião eu acho que faz sentido. Se de facto o turismo é um motor da economia, se de facto é por causa do turismo que estamos a crescer, então porque não ter o ministro sentado à mesa no conselho de ministros? Não vejo qual é, não vamos entrar num é melhor um bom secretário de estado, não vamos entrar nisso. A minha opinião é esta, de facto o turismo é determinante para o crescimento da economia, se sim, porque é muito transversal e repara, nós o problema de cada um e isto é importante que se diga não é só porque é que nós precisamos de um ministro sentado no conselho de ministros. Os meus problemas não têm sido com a economia com a secretaria de estado ou com o turismo de portugal, que é o órgão online. Nós temos muita sorte com estes órgãos, aliás, temos uma secretaria de estado que é uma máquina, devo dizer. O nosso problema é sempre o transversal, o nosso problema é com as finanças, o nosso problema é com as infraestruturas, o nosso problema é com a administração interna, porque finanças, impostos, infraestruturas, aeroporto e TAP, administração interna ou SEF. O problema não é o nosso, aliás eu devo dizer que o turismo nos últimos anos, eu diria, é a melhor parceria público privada que nós temos. Não me queixo do que passa do nosso lado, agora quando sai deste lado a coisa fica difícil, ajudava ter um ministro do turismo sentado no conselho de ministros a defender o turismo? Eu acho que sim.

14 Junho 2022