Europa: procura turística a recuperar, com retoma prevista para 2024

Europa: procura turística a recuperar, com retoma prevista para 2024

Apesar da procura de viagens europeias esteja a dar sinais que está preparada para uma grande recuperação, devido às elevadas taxas de vacinação na Europa, os volumes da procura ainda estão longe dos dias pré-pandémicos, que não se estima que sejam ultrapassados até 2024.

A edição mais recente do relatório trimestral “European Tourism Trends & Prospects”' da Comissão Europeia para as Viagens (European Travel Commission - ETC), continua a acompanhar o impacto da COVID-19 no sector, examinando como a actividade das viagens e Turismo, apesar de tudo, está a recuperar no meio da actual onda de infecções e programas de vacinação em curso.

Aumento da procura no Turismo europeu

A Europa tem actualmente a maior taxa de vacinação a nível mundial, o que se espera que venha a possibilitar a libertação da potencial de procura não satisfeita. De facto, os destinos europeus já conseguiram uma época de Verão mais robusta do que o previsto, devido ao sucesso dos programas de vacinação. Além disso, a criação do Certificado Digital COVID-19 da UE foi fundamental para garantir viagens seguras no interior do espaço europeu, e ajudou a simplificar a mobilidade transfronteiriça. As viagens intra-regionais, como consequência, registaram acréscimos em 2021 de 85% nas chegadas internacionais europeias, contra os 77% em 2019.

Observou-se que a recuperação das viagens tem sido diferente entre os destinos, e os que reabriram as suas fronteiras mais cedo aos viajantes vacinados foram os mais favorecidos. A Grécia, sendo a primeira nação a reabrir aos turistas isentos de COVID-19, foi o destino que mais rapidamente recuperou (somente -19% em relação a 2019), embora as chegadas internacionais tivessem sido fracas. A recuperação mais forte neste tipo de chegadas, em relação a 2019, foi observada na Croácia (-37%), que foi também capaz de estender o seu excelente desempenho à época baixa, recebendo 1,9 milhões de chegadas de turistas em Setembro. Em contraste, a República Checa (-94%) registou a quebra mais acentuada devido às medidas rigorosas relativas à COVID-19, que se têm prolongado durante todo o ano de 2021.

Todos os destinos europeus que comunicaram os seus dados, apresentaram níveis de ocupação hoteleira mais elevados neste Verão, em comparação com 2020, (baseados em dados relativos a Julho-Setembro). Vários destinos obtiveram taxas de ocupação próximas dos 70%, incluindo a Eslovénia, o Reino Unido, Mónaco e Turquia. O crescimento dos passageiros aéreos europeus também ganhou impulso nos meses de Junho (-69%), Julho (-57%) e Agosto (-49%) em comparação com 2019, embora as receitas globais por quilómetro/passageiro transportado (RPK) em Agosto tenham permanecido a metade dos níveis anteriores à pandemia. A relativa melhoria ao longo dos meses de Verão foi impulsionada principalmente pelo tráfego aéreo doméstico.

Um longo caminho pela frente

Embora as viagens europeias tenham dado passos positivos em 2021, há ainda um longo caminho a percorrer, uma vez que as chegadas de turistas internacionais à Europa ainda estavam, a meio do ano de 2021, 77% abaixo dos valores de 2019. Processos de vacinação lentos na Europa de Leste, e em alguns grandes mercados de origem de longo curso, pode potencialmente atrasar a recuperação, apresentando um risco persistente de abrandamento.

ETC também observou a ausência de viajantes de longo curso, com as chegadas dos EUA à Europa a permanecerem 90% abaixo dos níveis de 2019, em 1/3 dos destinos analisados. A ausência de turistas chineses em férias foi também muito sentida em toda a Europa, com todos os destinos com dados publicados a registar descidas superiores a 90% em comparação com 2019.

Globalmente, prevê-se que as chegadas de turistas internacionais à Europa até final de 2021 sejam 60% inferiores a 2019, continuando muitos outros factores a pesar na recuperação do Turismo na Europa. Incluem-se nestes factores restrições e políticas relacionadas com a COVID-19, que estão em constante mudança, surtos renovados, e a confusão em torno do sistema de viagens da UE com código de cores aplicado de forma diferenciada nos destinos europeus. A adopção de diferentes sistemas de aceitação de vacinas não reconhecidas pela EMA, pode também continuar a ter impacto nos destinos fortemente dependentes das viagens de longo curso.

12 Novembro 2021