Discurso Francisco Calheiros - Sessão de Abertura do 10º Congresso APECATE
Exmª Senhora,
Secretária de Estado do Turismo, Engª Rita Marques
Exmº Senhor,
Presidente da Câmara Municipal de Guimarães,
Dr. Domingos Bragança Salgado
Exmº Senhor,
Presidente da APECATE,
Dr. António Marques Vidal
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Antes de mais, uma palavra de agradecimento ao presidente da APECATE, Dr. António Marques Vidal, pelo amável convite para vos proferir uma palavras nesta sessão de abertura do 10º Congresso da APECATE, e o meu obrigado a Guimarães por sempre receber tão bem.
Não posso deixar de agradecer o apoio sistemático que a APECATE tem dado à CTP nestes tempos difíceis.
Quero também destacar a resiliência nestes anos de pandemia das empresas de congressos, animação turística e eventos, cuja actividade é tão importante para o desenvolvimento do nosso Turismo e da economia em geral.
Bem desejava que por esta altura vos pudesse dirigir palavras de total confiança e de virar de página no Turismo, agora que a pandemia se começa a desvanecer, que as viagens poderiam aumentar e a actividade turística poderia finalmente começar a sua recuperação.
Mas infelizmente vivemos tempos de incerteza, e na manhã do dia 25 de fevereiro acordámos com uma frase estampada nos ecrãs das televisões e nas capas dos jornais: Guerra na Europa.
Em pleno século XXI recuámos anos, até aos dias da segunda guerra mundial e os sentimentos que nos assaltaram a todos foram os de extrema preocupação, grandes receios e sobretudo INCERTEZA.
Esta é sem dúvida a palavra-chave destes dias. Por isso, temos todos de saber viver com a indefinição; com o não saber o que nos espera no imediato; com o impedimento de traçar estratégias e cenários de médio ou longo prazo.
É imprevisível a dimensão das consequências desta guerra no coração da Europa. Mas de uma coisa temos a certeza: o turismo, as empresas e toda a economia vão sofrer os danos colaterais desta guerra de que ninguém estava à espera. Até que nível vamos sofrer? Isso é também, por agora, uma incógnita.
Por isso devemos todos estar preparados, mas não perder a esperança e o nosso rumo. E temos de acreditar que estes tempos conturbados não se arrastarão, que os tempos de paz voltarão e que poderemos viver uma nova normalidade.
Não quero perder a esperança e quero continuar a acreditar que melhores tempos virão, incluindo para o Turismo.
Se o pós-pandemia já antevia uma alteração estrutural nas prioridades do país, agora ainda mais será necessário que o novo Governo dê prioridade à recuperação económica e à segurança. Já foi a vez das finanças e da saúde, mas está na altura de dar prioridade à economia, às empresas e à segurança do País.
Deve ser estratégico garantir e comunicar que Portugal é um País seguro, em todos os sentidos. Esta imagem deve ser transmitida através de campanhas de promoção no exterior, que agora mais do que nunca, são essenciais.
Temos de promover o nosso País, dando a conhecer a sua a sua diversidade turística. Temos de voltar a dar a conhecer lá fora a nossa oferta turística, diversa e de excelente qualidade.
Não podemos deixar de nos promover como um País turisticamente atraente e seguro, porque acredito que a vontade e necessidade das pessoas em viajar, em manter as suas férias, em continuar uma vida o mais normal que lhes seja possível, será uma realidade neste Verão.
O mundo não é o mesmo desde o dia 25 de fevereiro, é certo, mas também não podemos deixar que tudo pare.
Este poderá ser o melhor exemplo que podemos dar a quem quer forçar que o mundo que conhecemos seja diferente.
Por isso, quero acreditar que vamos também conseguir voltar a atrair instituições e empresas para virem realizar em Portugal os seus eventos institucionais e culturais, porque temos excelentes infraestruturas e excelentes profissionais, que garantem também neste segmento toda a qualidade que nos é reconhecida e toda a segurança.
Há, no entanto, factores que continuam a ser essenciais e têm de ter progressos práticos.
Desde logo, os apoios financeiros, que como temos vindo a dizer insistentemente, continuam na gaveta e têm de chegar às empresas. Se já eram necessários devido à pandemia, agora ainda passaram a ser mais importantes para ajudar as empresas a enfrentarem as consequências do actual período de guerra.
Se passados estes tempos conturbados o País quiser voltar a ter uma actividade turística forte e que continue a ser um dos motores da economia, é necessário ter empresas fortes, financeiramente fortalecidas para investirem, criarem emprego e reforçarem a sua oferta para responder à maior procura que todos acreditamos ainda virá a ser uma realidade.
Por isso, é também necessário que se revisite o acordo de produtividade e rendimentos que o Governo apresentou em 2019, e que seja revista a Agenda do Trabalho Digno.
Ou seja, é indispensável que o Governo dê mais importância à Concertação Social.
Por outro lado, deve o Governo avançar com uma redução da carga fiscal para que as empresas tenham condições para voltarem a investir e criar emprego.
É também muito importante que seja tomada uma decisão final sobre a construção do novo aeroporto na região de Lisboa. Esta é uma das infraestruturas mais necessárias para o desenvolvimento do país e se a expectativa é que o Turismo regresse a índices de crescimento pré-pandemia, não haverá como dar cabal resposta a este crescimento se um aumento da procura do destino Portugal não for acompanhado por infraestruturas que respondam a essa maior procura.
São estas as mensagens que a CTP quer transmitir ao novo Governo que será conhecido já no final deste mês.
Minhas senhoras e meus senhores,
Vamos acreditar que a paz irá vencer e que, entre todos, empresários e poder político, o Turismo vai continuar a ser uma prioridade, uma actividade essencial para o desenvolvimento económico e social do País. Em situações conturbadas não devemos nunca perder a esperança e devemos manter o foco.
Há uma frase de Winston Churchill que por estes dias diz muito:
“É melhor lutar por algo, do que viver para nada.”
Obrigado a todas e todos e um excelente Congresso!
08 Março 2022