Covid-19 causa novas medidas restritivas e confinamento em toda a Ásia
Para quem esperava por turistas do Oriente como recentemente foi anunciado pela nossa vizinha Espanha, ou pretendia ir de férias para estes destinos, subitamente no Oriente tudo se alterou e instalou-se uma nova vaga da COVID-19, que está a provocar a implementação de novas medidas restritivas em vários países asiáticos na sequência do aumento do número de contágios e mortes.
Para muitos operadores internacionais isto constitui um forte revés para a comercialização dos seus programas de viagens e até para os destinos turísticos que esperavam uma retoma já neste Verão. Estas mudanças repentinas estão cada vez mais a cimentar a preferência na Europa e em muitos países emissores pelo turismo interno. Assiste-se a um refrear das expectativas porque, acima de tudo, os consumidores são soberanos nas decisões de viajar. Não sendo por isso estranha uma nova previsão para os próximos quatro anos do Eurocontrol, o órgão europeu que rege a navegação aérea, que apresentou ontem dados sobre o movimento aéreo e cenários possíveis de evolução, tendo concluído que o tráfego aéreo não deve atingir os níveis de 2019 antes de 2024, e muito provavelmente não antes de 2025, tendo incluído uma visão mais pessimista, na qual a recuperação total virá somente em 2029.
A situação está a afectar os esforços de regresso à normalidade social e económica na Ásia, especialmente em escolas e sectores como o turismo, que dependem do contacto pessoal, e que afecta sobremaneira os fluxos turísticos internacionais e a evolução da economia a nível global. O número de mortos na população escassa da Mongólia aumentou de 15 para 240 com impacto significativo na actividade turística.
Taiwan, após ter sido considerado um caso de sucesso na luta contra o novo coronavírus, registou mais de 1.200 casos desde a semana passada e colocou mais de 600.000 pessoas em quarentena durante uma quinzena. O aumento de novos casos está a ser causado pela variante mais transmissível identificada pela primeira vez no Reino Unido, segundo Chen Chien-jen, epidemiologista e ex-vice-presidente da ilha, que liderou a muito elogiada resposta à pandemia no ano passado. Em Wanhua, normalmente uma área movimentada de Taiwan cheia de barracas de venda de comida, lojas e locais de entretenimento, o mercado nocturno de Huaxi e o templo budista Longshan estão fechados. A ilha encerrou todas as escolas e as restrições estenderam-se a todo o território: restaurantes, ginásios e outros locais públicos foram encerrados e concentrações de mais de cinco pessoas dentro de casa e de mais de dez pessoas ao ar livre foram proibidas.
Hong Kong e Singapura adiaram pela segunda vez o reinício das viagens entre os dois países sem requisitos de quarentena, na sequência de um surto com origens incertas em Singapura.
A China, que tinha praticamente eliminado infecções, tem novos casos de COVID-19, aparentemente devido ao contacto com pessoas que tinham chegado do estrangeiro. A China instalou postos de controlo nos aeroportos e estações ferroviárias na província de Liaoning, onde foram comunicados novos casos esta semana. Os viajantes devem possuir um teste negativo recente para o vírus. Foram exigidos testes em massa em Yingkou, uma cidade portuária com ligações marítimas a mais de 40 países.
A Malásia impôs inesperadamente um confinamento de um mês até 7 de Junho, depois de as autoridades terem registado aumentos acentuados de novas infecções e o aparecimento de novas variantes do vírus. Este é o segundo confinamento geral em pouco mais de um ano após os casos terem quadruplicado desde Janeiro. Existem agora mais de 490.000, incluindo 2.050 mortes. As viagens entre os vários estados/regiões da Malásia, bem como as actividades sociais, são proibidas. As escolas estão fechadas e os restaurantes só têm serviço de entregas ao domicílio, uma vez que os hospitais estão quase a ficar sem capacidade para receber mais doentes da COVID-19.
Singapura estabeleceu severas medidas de distanciamento social até 13 de Junho, restringindo as reuniões públicas a duas pessoas, e proibindo jantares em restaurantes, na sequência de um aumento significativo de infecções com o novo coronavírus. As escolas regressaram ao ensino à distância depois de os alunos de várias instituições terem sido infectados.
Hong Kong respondeu aos novos surtos prolongando a quarentena de 14 para 21 dias para viajantes não vacinados provenientes de países "de alto risco", incluindo Singapura, Malásia e Japão, ou Argentina, Itália, Holanda e Quénia.
A Tailândia regista mais de 30 mortes por dia. Estes são os números mais elevados desde que a crise sanitária começou, elevando o número total de mortes para mais de 700. A reabertura planeada das fronteiras a turistas internacionais pode ser adiada. As previsões da economia tailandesa para 2021 foram revistas. Este país viu a sua economia contrair-se em mais de 6% em 2020, um dos piores desempenhos na Ásia. As autoridades esperam agora um aumento do produto interno bruto entre 1,5% e 2,5% este ano, contra 2,5% a 3,5% até agora.
Nas Filipinas, o Presidente suavizou as medidas de combate à pandemia, procurando enfrentar a crise económica e a fome. No entanto, as reuniões públicas continuam a ser proibidas numa altura de festividades religiosas no país. As infecções de COVID-19 nas Filipinas aumentaram em Março, atingindo os piores níveis da Ásia com mais de 10.000 novos casos por dia. Duterte decidiu decretar um bloqueio em Manila, em Abril. O Secretário da Saúde das Filipinas, disse que o regresso parcial das actividades económicas, o aumento do não cumprimento das restrições e o rastreio inadequado das pessoas expostas ao vírus causaram o aumento acentuado das infecções.
26 Mai 2021