Companhias aéreas de baixo custo são as grandes vencedoras da crise

Companhias aéreas de baixo custo são as grandes vencedoras da crise

As viagens aéreas de amanhã serão exclusivamente low-cost? Não será necessariamente assim no que diz respeito aos preços dos bilhetes, mas em todo o caso, as companhias aéreas de baixo custo têm resistido melhor à crise na Europa e fora dela. Mesmo no Médio Oriente, onde as companhias aéreas estão a exceder-se umas às outras na qualidade do produto, as companhias aéreas de baixo custo não são (ainda) rainhas, mas estão a ganhar posição de destaque.

No espaço de algumas décadas, o modelo low-cost conquistou o mundo das viagens aéreas.

Na Europa, entre os mais poderosos actores deste sector, encontramos Ryanair e EasyJet. A companhia irlandesa chegou mesmo ao topo do pódio europeu, em termos de capacidade na Europa, quando subiu para o 5º lugar a nível mundial, em 2022.

Este facto é positivo para uma companhia que não tem 40 anos, e cuja frota cresceu de 212 aviões em 2019 para 505 em 2022. Se o seu modelo de negócio é questionável e contestado, os seus concorrentes não hesitaram em avançar para também para esse modelo.

"As transportadoras de baixo custo ganharam a batalha nas rotas de curto e médio curso, e não há razão para não continuarem o seu avanço. Basta observar os que estão a recomeçar: Volotea, Easyjet ou Ryanair", explicou Jean-Louis Baroux, ex-presidente do Grupo de Promoção Aérea (APG), em Novembro de 2020.

Desde então, a Wizz Air recomeçou a sua actividade, conquistando a Europa. Em Outubro passado, a companhia húngara estava mesmo entre as 20 companhias com mais capacidade no mundo, ultrapassando a Air France e a British Airways.

Companhias Low-Cost: O Médio Oriente também foi conquistado?

As companhias aéreas low-cost não pararam por aí. Continuaram a conquistar quota de mercado em todo o mundo, mesmo na região das luxuosas companhias aéreas do Golfo.

Pelo menos, foi isto que a OAG (aviation analytics provider) demonstrou. O fornecedor de dados das companhias aéreas foi analisar as estatísticas das companhias aéreas de baixo custo na região e, não surpreendentemente, também estão a ganhar fama.

" Enquanto em Doha a quota de mercado das principais companhias aéreas se manteve nos 95%, em Setembro de 2022 (em comparação com 2019), no Dubai a quota de mercado das companhias low-cost aumentou de 17% para 25%, em Setembro de 2022 (em comparação com 2019), com aumentos notáveis da Flydubai (+27% em relação à capacidade de 2019) e da IndiGo (+6%)", revelou a OAG.

Apesar do aumento ser contido, a conquista é muito mais visível no aeroporto de Abu Dhabi, mas não insignificante no Dubai. Lá, as companhias aéreas de baixo custo passaram de 7% do tráfego em Setembro de 2019 para 25% dois anos mais tarde. Ao mesmo tempo, as principais transportadoras históricas desta região perderam o seu brilho.

"No Dubai, a quota da Emirates caiu de 67% em Setembro de 2019 para 58% em Setembro de 2022, enquanto que a quota da Flydubai caiu de 17% para 11%. Etihad também viu a sua quota total de lugares ocupados cair de 84% em 2019 para 65% em 2022, perdendo terreno para AirArabia Abu Dhabi e Wizz Air Abu Dhabi", acrescentou a OAG.

EUA: Transportadoras de baixo custo destronam as companhias mais conhecidas

Os centros criados pelos Estados do Golfo para acomodar as suas companhias aéreas regulares favoreceram a chegada das suas pequenas irmãs low-cost. Tal como no resto do mundo, as companhias aéreas de baixo custo asseguram os voos de pequeno curso, alimentando assim transportadoras como Emirates ou Etihad para voos de longo curso.

Do outro lado do Atlântico, onde o modelo está mais estabelecido, o tráfego voltou aos níveis de 2019 graças às... transportadoras low-cost!

"Positivamente, a América do Norte (especialmente os Estados Unidos) está agora à beira de uma recuperação total, alimentada por um forte crescimento do tráfego dos voos low-cost. Transportadoras como a Frontier entraram corajosamente em mercados dominados pelas gigantes de outrora, é o caso de Dallas Ft. que vai crescendo à medida que abrem corajosamente novas rotas comerciais", analisa a OAG.

Nota, a Southwest Airlines é agora a segunda maior transportadora (em capacidade de assentos disponíveis) do mundo à frente da Delta Air Lines, na semana de 7 de Novembro de 2022.

Curiosamente, as três maiores companhias aéreas de baixo custo estão agora todas a operar com mais capacidade do que em 2019, enquanto a Spirit Airlines (16ª posição) aumentou a sua capacidade em cerca de 30% desde 2019, ano em que a JetBlue (17ª) atingiu o limiar da rentabilidade.

Finalmente, este modelo continua a conquistar o mundo, será que vai chegar a um limite com a inflação? O futuro ditará os resultados.

 

Fonte: OAG (world's leading provider of digital flight information, intelligence and analytics for airports, airlines and travel tech companies). Aviation Market Analysis, November 2022

15 Novembro 2022