41% das empresas de Turismo investiram em inovação no último ano

41% das empresas de Turismo investiram em inovação no último ano

Inquérito conclui que 41% das empresas do turismo investiram em Inovação, sendo que dessas apenas 13,6% o fizeram directamente em Inovação Digital. Isso, apesar de o investimento em Tecnologias Digitais ter vindo a aumentar em 72% das empresas inquiridas, tendo registados essas um crescimento na ordem de 20,6% no último ano. 

Estas são algumas das conclusões do estudo “Impacto da Economia Digital no Turismo” realizado pela Nova IMS – Information Management School em parceria com a Confederação do Turismo de Portugal (CTP) que analisou o impacto da economia digital na actividade turística e identificou o nível de maturidade das empresas nesta matéria. 

“Com este estudo, tentámos perceber qual o patamar em que estão as empresas no que respeita à transformação digital e à inovação. Actualmente, o digital é uma realidade indiscutível em qualquer actividade e o Turismo não é excepção. Apesar de ainda existirem alguns constrangimentos no investimento nesta área, os empresários têm vindo a fazê-lo e estão conscientes da sua importância”, adianta Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal. 

Deste estudo constata-se que existe alguma disparidade em termos da maturidade digital das empresas, sendo que a hotelaria é a que se encontra mais desenvolvida. Por outro lado, quando considerada a percepção das empresas, relativamente a um ideal de maturidade digital, a maioria (59%) considerou estar em fase de ‘Desenvolvimento’, 31% em ‘Maturidade’ e apenas 9% em estado ‘Precoce’. No entanto, quando aferidas dimensões críticas para a Transformação Digital, e reveladoras do nível de maturidade digital alcançada, verifica-se que o mesmo é inferior ao percepcionado. Em particular, considerando os domínios da Inovação e da Estratégia Digital, quando um número significativo de empresas se encontra entre num estado de ‘Precocidade’ (17% e 24%) e níveis intermédios (18% e 17%), com menos de 30% num nível de ‘Desenvolvimento’ (29% e 24%).

Para Carlos Reis Marques, um dos investigadores do estudo (Nova IMS), “os resultados obtidos demonstram que existem estados de maturidade muito diversos em termos da transformação digital, sendo de destacar que é consensual a convicção de que a inovação nesta área impacta positivamente na criação de valor”. 

Ideias dos colaboradores são bem acolhidas nas organizações:
Quando inquiridas sobre aspectos relacionados com o modo como a empresa se organiza, se estrutura e gere as suas equipas, com particular enfoque nas suas competências digitais, 40% das empresas considera-se em ‘Quase maturidade’, sendo que 28% das mesmas considera estar em ‘Maturidade’ e 18% em ‘Desenvolvimento’. A componente da recepção/acolhimento de novas ideias, designadamente propostas por colaboradores, é a prática mais vezes referenciada como sendo consensualmente adoptada, em oposição à ausência de práticas regulares de comunicação interna sobre iniciativas de inovação promovidas pela empresa, ou em que a mesma participou.

O inquérito conclui ainda que o investimento em tecnologias digitais tem vindo a aumentar em 72% das empresas, sendo que o mesmo cresceu na ordem de 20,6% no último ano. A maioria deste investimento tem-se situado preferencialmente em cloud services (74%), seguido da melhoria das ferramentas de marketing digital e incremento/integração de redes sociais (ambos com 65%). Do total, 19% das empresas que refere não estar a investir em tecnologias digitais, justifica-o pela dificuldade de recursos humanos disponíveis e com competências nesta área. 

Dificuldades no recrutamento de colaboradores com competências no digital:
No domínio da Inovação Digital, compreendendo a adopção, difusão e implementação de práticas de inovação digital, 29% considera-se em ‘Desenvolvimento’, 23% em ‘Quase maturidade’, 18% num estado de ‘Quase desenvolvimento’, 17% em estado ‘Precoce’ e 13% em ‘Maturidade’. 

Ao serem questionadas sobre o investimento em inovação, a maioria das empresas (53%) refere não investir nesta área, particularmente no digital, fundamentando a sua decisão com base na dificuldade em afectar recursos humanos, bem como nos riscos de não retorno desse investimento. As 41% das empresas que investem em inovação, referem que aplicam 13,6% do mesmo, em média, especificamente em inovação digital.

Do total dos inquiridos, 38% das empresas refere aplicar a inovação na melhoria de produtos/serviços já existentes, sendo o desenvolvimento de novos produtos/serviços a orientação apenas seguida por 18% das empresas. Apenas 3% das empresas possui Certificação na Norma Portuguesa 4457, tendo esta sido desenvolvida para suportar as actividades de IDI nas empresas nacionais, nos diversos sectores de actividade.

Mais incentivos fiscais para compensar investimento em inovação:
Neste estudo, as empresas foram ainda questionados sobre as medidas a adoptar no âmbito da economia digital e as respostas identificaram seis áreas como prioritárias: programa de incentivos fiscais associado aos investimentos em Inovação; apoio à formação de colaboradores em áreas emergentes, com é o caso da transformação digital em geral e da inovação em particular; apoio às actividades de IDI, por via de programas específicos; apoio na aquisição e utilização de tecnologias digitais; maior flexibilidade no relacionamento com os serviços da administração pública, por via do digital; e incentivos ao associativismo como forma de criar valor global no sector, designadamente em actividades de IDI.


Ficha técnica do estudo:
“Impacto da Economia Digital no Turismo"
Estudo realizado pela Nova IMS – Information Management School, solicitado pela CTP – Confederação do Turismo de Portugal. 
Investigadores responsáveis: Prof. Doutor Miguel de Castro Neto - Professor Auxiliar e Subdirector da NOVA Information Management School (NOVA IMS). Dr. Carlos Reis Marques - Especialista em Estratégia e Inovação e Doutorando em Gestão de Informação.
Metodologia: Realização de inquérito aos agentes económicos do sector, no universo dos associados da CTP, através de resposta a questionário online, tendo a recolha de dados sido realizada entre Agosto e Outubro de 2019.

27 Janeiro 2020